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por Stella Galvão
Uno principio illicito dato, plura sequuntur. Do latim, “Admitido um princípio ilícito, se seguirão muitos”. Gastando aqui meu parco latim para comentar brevemente a tal ‘graça’ concedida pelo monarca das milícias a um autointitulado deputado que fustiga, dia sim, outro também, as instituições já combalidas depois de quase quatro anos de abusos e estupor da nação infensa ao fascismo. O referido parlamentar recebera uma pena meio simbólica do STF, vamos combinar, porque esta casta política é frequentemente poupada do xilindró por mecanismos de autoproteção, a chamada imunidade.
Pois o messiânico esbravejou para sua fiel corja que decidira o tal indulto em nome da liberdade. Liberdade, esta honorável senhora tão fustigada para fins escusos, especialmente quando se tratar de livrar apaniguados e fanáticos das trevas anti-democráticas. Nesta sexta, 22 de abril, lemos no primeiro parágrafo de artigo do jornalista Ricardo Kotscho o relato da sua e nossa estupefação: “Deve ser um caso único no mundo desde o tempo dos imperadores romanos: o presidente da República decreta ele mesmo o perdão a um cúmplice de crimes em série contra a democracia, e sai assobiando, dando uma banana para o Judiciário, a última barreira do seu projeto golpista para melar as eleições de outubro”.
Se trata exatamente disso. O que fez o arauto da escuridão foi de alguma maneira antecipar o que nos espera, como país, a partir do 2º turno das eleições presidenciais. A “graça” ao deputado fascista ganha ares de poderoso estímulo a hordas de cafajestes que moverão suas bundas molíssimas, em bandos, para tentar tumultuar o processo eleitoral e o resultado das urnas. Se confirmado Luiz Inacio, com todas as graças do alto, a invasão do Capitólio norte-americana, por ocasião da derrota de outro insano fascista, Trump, parecerá brincadeira de petizes.
Quem nos defenderá como sociedade? As forças armadas, que ainda terão que digerir as perdas das benesses nestes anos de vivas ao antidemocrata que nos roubou o sono em 2018? Alguém acredita mesmo que tantos militares que hoje desfrutam as comissões e altos salários, sem contar o acesso grátis ao Viagra amigo e géis que combatem a perda da virilidade patriótica, alçarão voz e armas contra os abusos que se cometerá? Como apostam muitos, inclusive a raposa política de coninome Lula, somente uma frente gigantesca em defesa da Democracia nos poupará de mais barbarismo.
Imagem: grafite do artista britânico Banksy
*Stella Galvão é jornalista, cronista e colaboradora do blogdobarbosa
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