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O Blog coaduna com o pensamento do Brasil 247 e compartilha o editorial abaixo
Quando era evidente o gozo das forças neoliberais, clientelistas e de extrema-direita contrárias ao governo Lula, com a derrota na Câmara do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) decretado pelo Executivo, eis que a situação difícil permitiu a revelação de um caminho, uma verdadeira clareira, que desatou enormes energias políticas, num arco que mostra novas perspectivas para o presente da governabilidade e o futuro da intenção de reeleição do presidente Lula a um quarto mandato.
Na verdade, o que aconteceu na semana que passou, com a intensa mobilização no mundo virtual em favor da taxação dos super-ricos, foi uma antecipação. Tocada pela rejeição ao IOF, a opinião pública consagrou a união do passado ao futuro. No centro estão os anseios de mais igualdade social, que é a marca dos mandatos do presidente Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff.Play Video
Pela primeira vez, porém, essa mensagem espalhou-se como um rastilho avassalador na principal arena da disputa política, o mundo virtual. Apareceu em vídeos ácidos e bem-humorados de crítica ao voto do Parlamento no caso do IOF. Evidentemente, a maioria imensa dos parlamentares optara por atacar a Constituição para se render à ordem iníqua das oligarquias.
Ato contínuo, multiplicaram-se às centenas as peças feitas com inteligência artificial e aos milhões os compartilhamentos digitais. Quem não compartilhava passou a fazê-lo. A liderança desse movimento de massas surgiu de uma militância informal espontaneamente unida pela justeza da ideia do governo e que aguarda exame do Legislativo: taxar os super-ricos isentos e isentar os pobres e a classe média. O governo logo engrossou a mobilização das redes.
Editoriais, escribas e comentaristas da mídia conservadora apressaram-se a deixar de lado velhos ataques aos “políticos” para tomar o lado do maior alvo da crítica nas redes, o presidente da Câmara, Hugo Motta, contra Lula e o Planalto. Motta traiu acordo prévio com o governo e comandou a rejeição ao IOF. Cinicamente, acusavam Lula e o PT de estimular um clima de “ricos contra pobres”, como se não fosse a falange conservadora do Congresso que tivesse fomentado a divisão, mesmo que para isso fosse necessário afrontar a Constituição.
Os super-ricos não pagam nada. Já aqueles que trabalham são descontados em 27,5% dos seus ganhos. Os trabalhadores são sacrificados pelo injusto sistema tributário. Os impostos premiam o ócio, duplicando assim a lógica do sistema que expropria os trabalhadores do valor do que produzem.
A isenção aos super-ricos está no âmago do mecanismo de produção de injustiças contra os eternamente esquecidos. Estes são os que de fato suam a camisa em meio a um oceano de esforços para escapar, pelo trabalho, da condição desigual que herdaram.
A apropriação exercida pelo sistema em favor dos ricos tem amplo apoio da maioria conservadora do Congresso e da mídia corporativa.
A extrema-direita conservadora tinha, como se sabia, amplo predomínio do território virtual. Agora, essa realidade mudou. Memes e vídeos contra o arrocho aos pobres tomaram conta do ambiente.
O fato de que as redes não têm mais senhores fascistas reinando absolutos e manipulando, sem competição, feudos digitais de audiência cativa constitui a maior novidade da conjuntura.
Essa mudança coincide, aliás, com o recuo do bolsonarismo nas ruas, evidenciado pelo fracasso da recente manifestação pela anistia em São Paulo.
A reação popular nas redes à votação do IOF antecipa, é óbvio, outras propostas à espera de exame, todas apoiadas pelo governo federal como parte de seu programa de combate à desigualdade. Além da própria taxação dos super-ricos, aguardam exame a reforma tributária, o orçamento com garantia da manutenção das vinculações para saúde e educação, o controle das emendas parlamentares e o fim das desonerações fiscais que garroteiam a arrecadação e a gestão pública.
Desde o início, Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tomaram medidas em favor de mais justiça fiscal e tributária. O próprio Haddad, aliás, defende levar o tema mais adiante, ao propor uma taxação mundial dos super-ricos em 2% de seus ganhos.
É de esperar que esse espírito dê sentido e contamine a cúpula dos Brics nesta semana no Rio. Não há espaço melhor para essa ideia do que o organismo mais representativo das aspirações do Sul Global, a região do mundo mais necessitada de uma nova ordem mundial mais justa.
Há que aproveitar a presença de Dilma à frente do Novo Banco de Desenvolvimento para estimular um novo grande salto adiante na criação de uma comunidade de ações compartilhadas para um futuro de crescimento com justiça social.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
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