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A cantora Preta Gil, que faleceu no domingo (20), aos 50 anos, concedeu uma de suas últimas entrevistas à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, onde compartilhou reflexões profundas sobre sua batalha contra o câncer e os desafios pessoais vividos durante o tratamento. “Eu sempre aceitei, desde o dia um. Nunca me revoltei, nunca me deprimi, nunca”, disse à coluna.

Na conversa, Preta mostrou-se serena e determinada, mesmo diante das adversidades. Em tratamento contra um câncer colorretal diagnosticado em janeiro de 2023, ela relatou o impacto de atravessar simultaneamente um processo de separação conjugal. “Não consigo mensurar em palavras a dor que eu senti”, afirmou, ao se referir ao rompimento com o ex-marido, Rodrigo Godoy. “Ainda não me curei dessa dor, não. É um processo”, acrescentou.

A entrevista foi concedida em setembro de 2023, nos bastidores do show “Nós, a Gente”, em São Paulo, no qual Preta voltou aos palcos após uma cirurgia delicada. Na ocasião, ela dividiu o palco com o pai, Gilberto Gil, e outros membros da família. “O palco é o melhor lugar para eu comemorar a minha cura”, disse, emocionada.

Mesmo com limitações físicas — chegou a se apresentar sentada e precisou se ausentar brevemente durante a apresentação —, a artista demonstrou entusiasmo e agradeceu à equipe médica que a acompanhava. “Eles me viram literalmente por dentro e por fora. Tenho muita gratidão por todos eles.”

A cantora ressaltou que jamais se sentiu revoltada com a doença. “Entendi desde o início que isso tinha um propósito: de me tornar uma pessoa melhor, uma mãe melhor, uma avó melhor.” A força de sua fé e o apoio da família foram, segundo ela, elementos centrais para manter a serenidade. “Estou cercada de amor, de amigos, da minha família. Isso me ajuda a não cair.”

Apesar de admitir momentos de ansiedade e fragilidade emocional, Preta nunca perdeu a esperança. “Eu sabia que a minha cura viria com a cirurgia. Me preparei muito, tenho muita resiliência.” 

Durante a entrevista, Preta também falou sobre a exposição pública da separação e o julgamento alheio. “As pessoas falam: ‘Mulher, supera!’. Mas são só cinco meses. E é fácil falar quando não se viveu isso na pele.”

Preta Gil encerrou a conversa com palavras que hoje ecoam como testamento de sua fé na vida e no amor. “Mesmo com toda a dor, eu vou renascer ainda mais forte, ainda mais feliz, emanando ainda mais amor para as pessoas. A minha missão na Terra é essa: dar alegria, dar amor.” 

Com sua trajetória marcada pela música, pela resistência e pelo afeto, Preta Gil despede-se como símbolo de coragem, lucidez e humanidade.

Foto: Reprodução/Instagram – Montagem