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por Carlos Alberto Barbosa
Não é a primeira vez nem será a última que os “poderosos” de plantão tentam colocar a mordaça em jornalistas independentes do Rio Grande do Norte. Vou me reportar a mais recente decisão judicial contra o colega Bruno Barreto, editor do Blog do Barreto. Uma decisão da 1ª Vara Cível da Comarca de Mossoró, determinou a remoção de todas as publicações jornalísticas que contenham trechos de áudios com a voz do empresário mossoroense Francisco Erinaldo da Silva, assim como se abstenham de divulgar novos conteúdos que aludam à referida gravação que denuncia os indícios de corrupção por cobrança de propina pelo prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB). A decisão é direcionada ao Blog do Barreto, que primeiro divulgou as denúncias.
Claro, que além do desgaste da imagem do prefeito Allyson Bezerra diante dos eleitores, obviamente que o alcaide mossoroense, correligionário do ex-senador José Agripino Maia (UB) e um dos nomes que constam na lista dos pré-candidatos de oposição ao governo Fátima (PT), está preocupado com a repercussão que está tendo as denuncias que vieram à tona contra a sua pessoa. No entanto, o desgaste já ocorreu e não adianta amordaçar o jornalista porque ele tem as gravações e numa eventual candidatura de Allyson ao governo do Estado o assunto será abordado, muito embora o Ministério Público já venha cuidando do caso.
No início deste texto frisei que não é a primeira vez nem será a última que os “poderosos” de plantão tentam colocar a mordaça em jornalistas independente do Rio Grande do Norte. Digo isso porque nestes 40 anos de profissão fui objeto, ao menos em duas ocasiões e em jornais diferentes de tentativa de mordaça. Costumo dizer que vendo o meu trabalho, minha consciência jamais. Vamos aos fatos:
Segundo governo de José Agripino Maia no Rio Grande do Norte. Eu era repórter de Política do Diário de Natal e cobria a Assembleia Legislativa.
Era por volta das 15h30 de uma terça-feira quando fui chamado a sala de Albimar Furtado, então diretor-geral do Diário de Natal. Não sabia do que se tratava. Achei até que era para entrevistar algum político em visita ao jornal, como era comum. Peguei minha caderneta de anotações e me encaminhei a sala de Albimar. Ao chegar em sua sala me deparei também com Luciano Herbert, editor de política (in memoriam). Albimar me pediu para sentar e começou a falar com certo rodeio. Me disse que o jornal iria passar por uma reformulação editorial, e com base numa pesquisa encomendada ficou constatada a necessidade de se dinamizar mais a editoria de Economia, defasada de informações locais.
Feito estas colocações, Albimar disse que como repórter experiente que era pensou no meu nome para atuar a partir daquele momento na editoria de Economia. Me perguntou se fazia alguma objeção, o que lhe respondi que preferia ficar em Política, mas como era um profissional não podia me furtar de colaborar com o jornal. Ficou decidido então que não mais pertencia a editoria de Política e, que, portanto, naquele dia mesmo não precisaria mais ir para a Assembleia. Decepcionado com a decisão de Albimar Furtado voltei para a redação.
Dias depois fiquei sabendo por um deputado – que me reservo no direito de não dizer o nome – que a decisão de Albimar Furtado em me afastar da editoria de Política tinha sido a pedido do deputado Getúlio Rego, líder do governo José Agripino, na época. Rego havia se queixado a Albimar o fato do Diário vir publicando muitas matérias desfavoráveis ao governo, afinal, o Executivo era um dos maiores anunciantes do jornal. E aí pediu a minha cabeça. Não fui demitido, mas fui para uma outra editoria para não correr o risco de incomodar o governo.
Dentre as várias memórias que tenho guardadas em meu baú uma me deixou muito indignado. Não pelo fato em si, mas pela forma como foi feita. Fui demitido pelo celular pelo dono do jornal.
Era editor de Política do jornal JH Primeira Edição. Me orgulhava de fazer parte de um projeto ousado. Era uma equipe pequena tendo a frente o colega e amigo Edilson Braga como editor geral do matutino, que em princípio circulava em tamanho tablóide. Braga sempre dizia que o JH Primeira Edição havia revolucionado o jornalismo potiguar. E tinha razão. Fazíamos um jornalismo diferenciado.
Pois muito bem: Um belo dia, uma sexta-feira ainda pela manhã, por volta das 8h30, o meu celular toca. Era o professor de “Ética no Jornalismo”, da UFRN, e dono do jornal, Marcos Aurélio. Foi curto e grosso: “Barbosa a partir de hoje seus serviços não interessam mais ao jornal”. Ponderei, quis saber o motivo, e ele disse que eu estava colocando o seu jornal numa situação difícil. Declarou que já tinha me alertado sobre isso. Marcos Aurélio se referia as matérias contra o governo Wilma que o JH vinha publicando com frequência. Disse-lhe que fazia jornalismo sério sem chapa-branca e que em nenhum momento o jornal dele tinha sido desmentido e que, portanto, acreditava que estava fazendo um bom trabalho. Não adiantou. Cumpri aviso prévio e acabei saindo mesmo do jornal.
O problema que levou a minha demissão foram as pressões políticas e econômicas. Disso não tenho dúvida. Infelizmente fazer jornalismo sério em qualquer lugar do mundo tem dessas coisas. Quando não se agrada aos poderosos de plantão ou você se submete as regras ou cai fora. E como costumo dizer que vendo a minha mão-de-obra jamais a minha consciência, perdi o emprego. Mas saí de cabeça erguida! Pouco tempo depois o JH Primeira Edição deixou de existir.
Em tempo: Os dois relatos acima citados estão no e-book Baú de um Repórter. Clique aqui para conferir
Me reporto aos fatos vivenciados por mim na minha época de redações, para dizer que hoje edito um Blog (blogdobarbosa) livre de amarras e para dizer ao colega Bruno Barreto que ele continue na sua trincheira de lutas denunciando o que é errado no poder público. Devo dizer ainda que estamos de olho no senador Rogério Marinho (PL-RN) citado também como um dos pré-candidato de oposição à sucessão estadual, e que de certa forma está envolto nas denúncias de fraudes no INSS, porquanto que quando começaram as fraudes nas aposentadorias e pensões no órgão, Marinho era secretário nacional da Previdência e que certamente tinha conhecimento. Outro pré-candidato da oposição ao governo do Estado, que está sendo denunciado pelo Ministério Público Eleitoral, que, inclusive, já pediu a sua inelegibilidade, é o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias.
Estamos de olho!
Imagem reproduzida da Internet
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