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O blogdobarbosa entrevistou o senador Jean (PT-RN) sobre o cenário político local e nacional. Na abordagem sobre alianças políticas no Rio Grande do Norte e, claro, sobre a sua candidatura a reeleição, o senador petista foi enfático: “estou senador e tenho a legitimidade de buscar a reeleição” e, acrescentou: “meu relacionamento com Lula é extremamente franco e direto, ele reconhece a qualidade do nosso trabalho no Senado, e isso ele já ressaltou publicamente diversas vezes, colocando ainda que o ex-presidente e pré-candidato à Presidência da República “sabe que precisará de uma bancada forte e numerosa no Congresso Nacional”. Leia a íntegra da entrevista:
1-blogdobarbosa – Senador, a última pesquisa de intenção de voto de 2021 para o Senado, do Instituto Sensatus, divulgada pela Band, mostrou que 66,4% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em um candidato apoiado por Lula. O Sr, inclusive, comentou que a pesquisa mostrou o desapontamento do eleitor com o governo Bolsonaro e com os candidatos que ele apoia. Obviamente o Sr espera o apoio de Lula ao seu projeto de reeleição. Sobre isso Lula já se manifestou oficialmente?
Senador Jean – Lula ainda não se manifestou publicamente sobre nenhum pré-candidato do PT ou de partido aliado. Ainda não chegamos a este estágio do processo, embora muitos queiram antecipar fases. Eu, particularmente, estou tranquilo quanto a isso. Meu relacionamento com Lula é extremamente franco e direto. ele reconhece a qualidade do nosso trabalho no Senado Federal e, isso sim, ele já ressaltou publicamente por diversas vezes. De nossa parte, estando em pleno exercício do mandato, me cabe trabalhar intensamente, mostrar serviço à população do Rio Grande do Norte, e alcançar o máximo de visibilidade para que as pessoas possam conhecer nossas ações e propostas.
2-blogdobarbosa – A pergunta acima se faz pertinente, até porque Lula já disse que há necessidade do PT fazer uma bancada forte e numerosa no Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado, para no caso de uma eventual eleição sua à Presidência da República poder contar com uma bancada forte no Legislativo e não correr o risco do que fizeram com a ex-presidente Dilma. Na sua avaliação o Sr. estaria dentro desse projeto?
Jean – Lula sabe que precisará de uma bancada forte e numerosa, mesmo. Mais do que os outros mandatos, se for eleito Presidente da República, este mandato será o mais desafiador. Ele terá que, ao mesmo tempo, conciliar e convencer, desfazer e reconstruir, consolidar e avançar. O PT não pode ir para 2023 com uma bancada de senadores menor que a atual, quando se encontra na oposição. Três de nós, atuais senadores do PT, deverão sair candidatos a governador – com boas chances de vitória e suplentes de outras legendas: Jaques Wagner (Bahia)Humberto Costa (Pernambuco) e Rogério Carvalho (Sergipe). E ainda tem Fabiano Contarato, recém chegado ao PT, que pode sair candidato no Espírito Santo. Portanto, 7 atuais, mesmo com a potencial eleição de Wellington Dias (Piauí), poderemos cair para 4. Evidentemente preciso considerar que a atual cadeira do Rio Grande do Norte fará diferença, até porque o nosso mandato tem se revelado atuante e influente. Do contrário, não seria o líder da Minoria e líder do partido no Congresso.
3-blogdobarbosa – Por outro lado, Lula ao mesmo tempo em que afirma que o PT precisa formar uma grande bancada no Congresso, ressalta a importância da formação de uma frente ampla de partidos de centro-esquerda capaz de derrotar Bolsonaro já no primeiro turno, e já abriu discussões em nível nacional sobre o assunto. No RN fala-se numa aliança com o MDB do ex-senador Garibaldi Alves e até mesmo com o PDT do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves. Essa discussão já teve início internamente no PT do estado ou só tá na imprensa?
Jean – No PT do RN, que eu saiba, ainda não. A discussão interna sobre chapa majoritária foi programada para se iniciar agora em 2022. Portanto, a partir de agora. A imprensa, no papel que lhe cabe, tenta antecipar fases, candidatos e alianças que ainda não estão consistentemente configuradas. É claro que já houve muita conversa, em especial por parte de emissários da governadora, pois eles precisam sondar os ambientes. No caso do MDB, além dos entendimentos com o ex-senador Garibaldi Alves e o deputado federal Walter Alves, há conversas também em nível nacional. No caso do PDT, o processo é mais recente e mais complexo, dado o cenário nacional atual das siglas e o histórico recente do principal protagonista do PDT no estado, que há menos de 4 anos recomendava voto em Bolsonaro e execrava Lula e o PT publicamente. Vai precisar bem mais do que conversas de gabinete para convencer. No mais, já vamos percebendo a posição inevitável de alguns, normalmente mais coerentes, tanto para o lado governista quanto de oposição. Os blocos vão se formando. Somente aqueles tipicamente sem base ideológica ou programática, tendem a se “valorizar” flertando com ambos os lados até a última hora. Mas até isso também é natural, e tem riscos. Faz parte do processo político historicamente.
4-blogdobarbosa – Sobre isso, a imprensa fala que Carlos Eduardo Alves deseja ser o candidato a senador da governadora Fátima Bezerra, candidata a reeleição, e que ainda não teria se definido se sai candidato a governador ou a senatória, esperando uma definição de Fátima Bezerra e do PT. O que o Sr. tem a dizer sobre isso?
Jean – Temos uma eleição desafiadora onde o objetivo principal nacional será vencer e superar o bolsonarismo. Para isso, concordo que é importante manter aberta a disposição do diálogo e podermos contar tanto com o MDB quanto com o PDT e outras siglas relevantes nesse arco de aliança. Sobre a cadeira no Senado, no entanto, mantenho a mesma posição de sempre: estou senador e tenho a legitimidade de buscar a reeleição. Por isso me coloco como pré-candidato ao Senado, trabalho e vou continuar trabalhando pra isso. A disputa pela cadeira do Senado só tem se verificado como a mais comentada por conta da pré-candidatura de dois ministros (em disputa acirrada pelo apoio de Bolsonaro). Mas é preciso lembrar que o PT vai precisar formar uma base sólida e, sobretudo, confiável para Lula poder governar. São 8 anos de mandato, e isso não pode ser tratado como moeda de troca para candidatos sem nenhuma identidade ou fidelidade programáticas, serem convencidos a deixar de concorrer ao governo. Isso seria diminuir e desprestigiar por demais a cadeira.
5-blogdobarbosa – Senador, a oposição bolsonarista no estado, me refiro aos ministros Fábio Faria e Rogério Marinho, que tencionam sair candidatos a única vaga de senador nas eleições deste ano, criticam a atuação do Sr, dizendo que o mandato petista não faz nada pelo RN. Qual avaliação o Sr. faz sobre estas críticas?
Jean – Não vi essa crítica assim de forma tão simples e direta. Trato ambos com respeito e espero o mesmo deles. Eles podem até discordar dos meus pontos de vista ou da oposição que faço (e lidero) ao governo. Mas se disseram mesmo que o nosso mandato não faz nada, só tenho uma coisa a dizer: há má-fé envolvida, pois para se informar basta consultar as nossas redes sociais. Um senador, que já nos dois primeiros mandatos, assumindo como suplente, conquista a Liderança da Minoria (oposição) no Senado, e que coloca mais de R$ 72 milhões em recursos nos 167 municípios do estado, ajuda o governo estadual a captar bilhões em recursos públicos e investimentos privados e ainda relata marcos regulatórios setoriais e autora leis importantes, não pode ser considerado nulo, nem pelo mais maldoso dos adversários.
6-blogdobarbossa – O Sr. foi relator no Senado do projeto que cria o Marco Legal para a Geração Própria de Energia. O ´projeto também foi aprovado na Câmara. O que isso significa para o Brasil que vive crises periódicas de energia elétrica?
Jean – O mundo está vivendo o desafio da chamada “transição energética”. O petróleo e o carvão ainda são importantes, porém cada vez mais indesejáveis. O Brasil tem a plena capacidade de produzir energia a partir de fontes renováveis a custo baixo, aproveitar a última onda dos derivados de petróleo com a vantagem de ser auto-suficiente em petr´óleo e ainda contar com gás natural abundante (no mesmo pré-sal) para servir de combustível de transição principalmente para a indústria. A tecnologia hoje nos faculta a possibilidade de também nos tornarmos produtores individuais de energia e, com isso, aliviar o sistema de transmissão e de geração de grande porte, ao mesmo tempo em que acessamos energia mais barata. Este processo precisa de regulação severa para não tornar injusto e desigual. Além disso, agora na qualidade de presidente da Comissão da Crise Hidroelétrica, criada no ano passado pelo Senado Federal, trabalho com o relator, senador José Aníbal (PSDB-SP), para aprimorar a previsibilidade dos períodos, diminuir a volatilidade das tarifas elétricas e assegurar o crescimento das fontes mais confiáveis e sustentáveis.
7-blogdobarbosa – Senador, o SR. é um expert em energia limpa principalmente no setor eólico. Aqui vai uma análise minha. Caso Lula seja eleito presidente, considero o Sr. um nome de peso para ocupar o Ministério de Minas e Energia. O Sr. já foi sondado sobre o assunto? E se vier a ser sondado cogita a possibilidade independente de ser reeleito ou não?
Jean – Considero cedo para especular sobre vitórias eleitorais ainda não conquistadas. Teremos um ano difícil pela frente, muito trabalho no Senado, inclusive nesta área, onde estamos terminando de relatar uma lei que poderá solucionar a questão da alta descontrolada dos preços dos combustíveis, e ainda temos a luta contra a venda do controle acionário de todo o Sistema Eletrobras, inclusive a nossa Chesf aqui no Nordeste, que exigirá muito foco e muita capacidade de conciliação.
8-blogdobarbossa – Concluindo a nossa entrevista, o Sr. considera que Lula pode ganhar a eleição já em primeiro turno, a mesma coisa se repetindo com a governadora Fátima Bezerra no RN?
Jean – Acho que o país está num ponto em que não podemos mais testar aventureiros, justiceiros, milagreiros ou falsos mitos. O povo parece que está dando sinais, que já são detectados pelas pesquisas, de que quer Lula de volta porque ele reuni as qualidades de estadista, gestor, político e pessoa comum, sem fabricações ou embustes. Lula tem o que mostrar. E, mesmo a despeito de toda a campanha monstruosa contra a imagem dele e do Partido dos Trabalhadores, o mesmo povo que alguns gostam de chamar de desmemoriado, parece não se esquecer dos dias felizes do período Lula. E isso não tem quem apague, porque foi vivido por cada um e cada uma de nós. Não tem mídia, narrativa ou propaganda que apague essa memória afetiva e esse reconhecimento.
Foto: Assessoria do mandato do senador Jean (PT-RN)
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