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Política

Sidônio Palmeira diz que governo falhou ao não mostrar o país destruído que herdou

Está no Brasil 247

Em entrevista à newsletter Jogo Político, publicada por O Globo, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira, avaliou os motivos que levaram à queda de popularidade do presidente Lula desde o fim de 2024. Figura central no núcleo duro do Planalto, com presença quase diária na agenda presidencial, Sidônio afirmou que o governo falhou ao não mostrar com clareza o estado de devastação em que encontrou o país após o bolsonarismo.

“O governo assumiu, mas faltou comunicar qual herança encontrou. Estivemos diante de um país destruído, com muitos programas encerrados. Havíamos retornado para o Mapa da Fome”, declarou o ministro, ao comentar a ausência de uma narrativa que contextualizasse os desafios herdados.

O impacto da extrema direita e o poder das redes

Sidônio vê o avanço da extrema direita como um fenômeno global e diretamente relacionado à lógica de engajamento nas redes sociais. Ele menciona países como Argentina, Hungria, Polônia, Itália e os próprios Estados Unidos — sob o segundo mandato do presidente Donald Trump — como exemplos de um ambiente tóxico impulsionado por ódio e desinformação.

“Fake news está engajando muito nas redes e dando dinheiro. […] Eles, da direita, são mais atuantes nas redes, e eu acredito que temos que fazer comunicação trabalhando com a verdade apenas. A verdade pode conquistar pessoas, basta ter criatividade.”

Expectativas, entregas e percepção popular

Ao ser questionado sobre o desalinhamento entre o que o governo realiza e o que a população percebe, Sidônio atribuiu isso a um tripé que, segundo ele, precisa estar em sintonia: expectativa, gestão e percepção.

“A expectativa com Lula é altíssima, especialmente por causa do segundo mandato dele. A gestão está entregando. […] Foram tiradas 24 milhões de pessoas da Fome, o Mais Médicos dobrou, o Pé de Meia atinge milhões de jovens. Falta a percepção dessas ações chegar à ponta.”

Ele também ressaltou o impacto de fatores agudos nos últimos meses, como a ausência temporária do presidente por questões de saúde, o aumento do dólar, a alta no preço dos alimentos e a fake news sobre o Pix. “A conjunção desses fatores prejudicou”, admitiu.

Responsabilidade coletiva e desafios na comunicação

Ao comentar a frase dita a jornalistas — de que “todos os ministros têm responsabilidade na queda de popularidade do presidente” —, Sidônio procurou colocar o foco na necessidade de sincronia entre as áreas da gestão. Disse que comunicação não é um fator isolado e que depende também da política.

Sobre as críticas à estratégia de comunicação adotada desde janeiro, que combina inserções em rádios locais, propaganda em mídias tradicionais e aumento da presença institucional, o ministro foi direto: “Quando você chega a um lugar, você monta uma equipe. Entrei e fiz as mudanças que achei melhor.”

Religião, segurança pública e trabalhadores de aplicativos

Sidônio também abordou temas considerados sensíveis, como segurança pública, público evangélico e a comunicação com trabalhadores autônomos. Para ele, segurança pública é, em essência, responsabilidade dos estados, embora o governo federal tenha feito avanços com a PEC da Segurança e o programa Celular Seguro. Quanto aos evangélicos, defende que a comunicação seja universal: “Acho que o esforço tem que ser o de comunicar os serviços de maneira bem feita tanto para evangélicos quanto para católicos.”

Já sobre os microempreendedores e trabalhadores de aplicativos, ele destacou iniciativas como o programa Acredito, o Desenrola e o crédito consignado para autônomos.

‘O Brasil é dos brasileiros’ e o contraponto a Trump

Criador do slogan “O Brasil é dos brasileiros”, Sidônio defendeu a postura do governo frente à política protecionista de Donald Trump e à possibilidade de taxação de exportações. “A compreensão do governo é a de que é preciso ter reciprocidade caso haja taxação. […] Gostaríamos de ter uma saída negociada. Ninguém ganha com isso.”

Ele também comentou a rejeição da proposta de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro. “Essa é uma discussão do Congresso e do STF, não acho que seja uma questão para o governo, não.”

E Lula 2026?

Indagado sobre uma eventual candidatura de Lula à reeleição, o ministro se esquivou: “É uma questão muito íntima dele. Estou aqui para falar do governo, pensando na gestão apenas.” Também evitou especular sobre nomes da direita para a disputa. “A política é muito rápida e dinâmica. Quem estiver fazendo análise agora, vai errar. Eu não tenho bola de cristal.”

Usando uma metáfora futebolística, Sidônio comparou a antecipação da corrida eleitoral a uma aposta precipitada: “Num jogo do seu Vasco, por exemplo, dá para dizer que é o Vegetti que vai marcar na próxima partida? Se bem que lá não tem outro, né?”

Bastidores da cassação de Glauber Braga

A matéria também abordou os bastidores do processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), adversário declarado de Arthur Lira, a quem chamou de “bandido” por sua atuação no orçamento secreto. Reportagens da Folha de S. Paulo e da coluna de Lauro Jardim, em O Globo, apontam articulações discretas de Lira para pressionar deputados a votarem pela cassação. Mesmo parlamentares bolsonaristas e do Centrão consideram a pena exagerada, embora não se manifestem publicamente. Uma exceção foi o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, ligado a Silas Malafaia, que afirmou ao Metrópoles: “Pessoalmente, acredito que cassação deveria ser para casos graves como corrupção. Acredito que uma punição de seis meses de suspensão, no caso de Glauber Braga, estaria de bom tamanho.”

Foto reproduzida da Internet

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