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por Stella Galvão
A crônica de mais um vexame internacional de um certo Jair foi publicado em editorial da Folha de S.Paulo neste dia consagrado à celebração dos que partiram deste plano. O texto praticamente enterra tal personagem, reduzindo-o a exemplar de cloaca de onde saiu referendado por eleitores que têm preguiça de pensar, de fazer analogias, de colocar os interesses coletivos acima de seus mesquinhos medos e preconceitos etc. O caso é que o referido cidadão, Chefe de Estado de um país que se inscreve entre as 20 economias do mundo, partiu novamente rumo ao exterior para sepultar de uma vez a imagem já enxovalhada dele e, por extensão, do país que supostamente governa. Foi no último fim de semana a reunião do G20, com mandatários de países ricos e outros nem tanto.
O encontro ocorreu na chamada Cidade Eterna. Desde a Antiguidade, muito antes do Vaticano, os romanos acreditavam que independentemente de qualquer coisa que viesse a acontecer, Roma nunca deixaria de existir. Jamais. Realmente, em meio a colapsos e guerras, queda do império, decadência e invasões, a cidade de Roma continua bela e atraindo milhões de turistas de todas as partes do mundo. Enquanto isso, os brasileiros assistem catatônicos, em estado fúnebre ou indiferente, a Amazônia virar cinzas. Ela, nosso bioma privilegiado, espécie de passaporte simbólico do país, à mercê de exploradores de toda sorte incentivados pelos burocratos natimortos desta gestão ruinosa.
Pois a Folha, que costuma poupar seo Jair de apupos, desta vez carregou fortemente nas tintas. Descreveu o zumbi “vagando pelos salões, o olhar perdido em busca de alguém para conversar”. Que o dito cujo “foi ignorado até quando tentou puxar assunto com os garçons”. Que cena! Impagável e vexatória, mas qual, o tal morto-vivo seguiu com a cara dura cínica que lhe é peculiar.
No domingo (31), seguranças que acompanhavam este ‘desastre ambulante’ investiram com truculência contra os repórteres que faziam o trabalho deles, a saber, inquirir o dublê de governante sobre sua gestão moribunda e sobre o “Fiasco em Roma”, por sinal o título do editorial da Folha. Ao final do texto, a pá de cal na sepultura do embuste: a participação dele no G20 “serviu apenas para manchar ainda mais a combalida reputação internacional do Brasil”. Neste dia dos mortos nada mais alegórico que o rastro lúgubre deste zumbi. Quem ainda o apoia faz caminho assemelhado. E que deles nos livremos, amém!
*Stella Galvão é jornalista e colaboradora do blog, Doutora em Educação pela UFRN e autora de ‘Calos e Afetos’ e ‘Entreatos’. e-mail: stellag@uol.com.br
Ilustração: A dança da morte. Franz Francken (séc.XVII)
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