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Antes que algum aventureiro lance mão e diga que sou favorável a baderna

Me vejo obrigado, como cidadão e jornalista, a fazer alguns esclarecimentos aqui neste espaço. Publiquei um texto nesta quinta-feira (27), chamando a atenção do leitor para a necessidade de se protestar contra o descaso promovido pelo governo Temer e congressistas, que estão querendo usurpar conquistas trabalhistas para beneficiar única e exclusivamente o empresariado.

O texto dizia o seguinte: Brasileiras e brasileiros vamos ocupar ruas e avenidas nesta sexta-feira (28) em protesto contra as reformas da previdência e trabalhista. Não se trata de uma paralisação convocada por partidos políticos e nem centrais sindicais. Se trata de uma paralisação em favor da cidadania.

E antes que algum aventureiro lance mão, digo logo que sou contra o radicalismo de se fazer barricadas para impedir o livre ir e vir das pessoas, conforme reza a nossa Constituição. Tenho observado que nesta sexta-feira (28) está ocorrendo isso em todo o país. Manifestantes estão abusando de impedir as pessoas a se deslocarem aos seus locais de trabalho. Isso eu não concordo, até porque acaba afastando aquelas pessoas que gostariam de participar dos movimentos contra as reformas, mas recuam com receio de agressões.

No entanto, é bom que se ressalve o seguinte: da mesma forma que estes que promovem a baderna, os políticos também têm a sua culpa nisso. O descalabro com que vêm se comportando deputados e senadores votando matérias contra o trabalhador é impressionante.

Veja, caro leitor, lobistas e associações empresariais são os verdadeiros autores de uma em cada três propostas de mudanças apresentadas por parlamentares na discussão da Reforma Trabalhista. Os textos defendem interesses patronais, sem consenso com trabalhadores, e foram protocolados por 20 deputados como se tivessem sido elaborados por seus gabinetes. Mais da metade dessas propostas foi incorporada ao texto do relator da matéria, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), apoiado pelo Palácio do Planalto votado e aprovado na última quarta-feira (26) pelo plenário da Câmara.

Daí dizer que os extremos praticados por algumas pessoas que protestam contra as reformas não se diferenciam dos abusos praticados por nossos “representantes” no Congresso Nacional no que diz respeito a venalidade. A corrupção é tão igual quanto a atos de vandalismos.

O pior é que parte da sociedade fica aterrorizada com as barricadas que impedem elas de ir e vir, mas, no entanto, não são capazes de se escandalizarem com atos de corrupção que ocorrem no Congresso Nacional. Parece que a corrupção virou coisa banal.

Vandalismo e corrupção deveriam ser sinônimos em qualquer dicionário brasileiro. Tenho dito!

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