Editorial

`A coisa aqui tá preta, muita careta pra engolir a transação´

Nestes tempos em que um presidente da República sem notáveis para por em seu ministério se ver obrigado a indicar investigáveis e que um governo golpista ameaça extinguir programas sociais se reforma da Previdência não for aprovada, usando para isso, inclusive, sua conta no Facebook, e que filiados do seu partido, o PMDB, se diz desconhecer milhões de dólares depositados em suas contas em paraísos ficais, caso de Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Alves (RN), me vejo no dever de transcrever aqui um texto que corre nas redes sociais sob o sugestivo título “Obrigado juiz Sérgio Moro”.

Diz o texto:

Confesso que durante muito tempo desconfiei realmente que o ex-presidente Lula estava pesoalmente implicado nessa roubalheira que tem acometido o Brasil desde sempre, mas que recrudesceu do governo FHC para cá – não em quantidade, mas em visibilidade.

A contribuir para tal desconfiança – quase convicção – havia aquela sensação difusa de que todp político é desonesto, somada ao fato de que Lula fechou os olhos para os esquemas de corrupção de sua base aliada. Mídia e vários colegas da vida real e do Facebook só ajudaram a reforçar cada vez mais essa desconfiança:

“Como pode todo mundo roubar e só o comandante maior não?” Enfim, a desconfiança foi ficando tão forte que não seria fácil demovê-la. Somente as ações de um obstinado juiz para conseguir me provar que o ex-presidente não roubou junto com sua base aliada.

Sempre ajudado por aloprados delegados da PF e membros do Ministério Público, o incansável juiz  em uma verdade cruzada ideológica proporcionou, ao vivo, em cores e muitas vezes em tempo real, uma devassa geral na vida do ex-presidente. 

Hoje, após três anos de muitos confiscos de computadores, quebras de sigilo fiscal, telefônico e bancário, grampos ilegais, condução coercitiva e até depoimentos de delatores de várias estirpes, nenhuma única prova encontrada para incriminá-lo. Ma realidade, o mais perto que chegaram foi um conjunto de lâminas do mais tosco powerpont, repletas de convicções, mas zero provas.

No rastro dessa devassa iam-se descobrindo, meio a contragosto da PF, MP e do próprio Moro, contundentes provas de existência de alguns icebergs da corrupção política nacional, cujas pontas são R$ 23 milhões de um Serra aqui, R$ 10 milhões de um Cunha e família acolá, além do indefectível Aécio, que conseguiu a proeza de estar em todas as delações.

Assim, agradeço o infatigável juiz pelas robustas provas da inocência do Lula e, consequentemente, por ter restabelecido em mim a confiança de que meu voto em 2018 com ele como meu coração vermelho sempre pediu.

Confesso que subscrevo este texto, embora desconheça o autor ou autora. Sempre disse que se ao longo destes três anos da Lava Jato alguma coisa de concreto pesasse sobre Lula ele certamente já estaria atrás das grades como está o próprio presidente da Odebrecht, Marcelo, que chegou a afirmar que era ele o “bôbo da corte”.

Ora,ora, ora. O que se observa, caro leitor, é que a coisa aqui tá preta. É como diz a letra “Meu Carro Amigo, de Chico Buarque

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

A conferir!

 

 

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