Editorial

Por muito menos Dilma sofreu um impeachment

A ex-presidenta Dilma Ruosseff (PT), por muito menos que o atual presidente, Michel Temer (PMDB), foi impedida pelo Congresso Nacional de continuar governando o país. Pedaladas fiscais e edição de decretos de crédito suplementar. Foram essas as duas acusações que levaram Dilma Rousseff a perder o cargo de presidenta da República. Entenda o que é exatamente cada uma delas:

As “pedaladas fiscais” são como ficaram conhecidos os atrasos nos repasses da União a bancos públicos para cobrir gastos dessas instituições com programas do governo.

Esses gastos podem ser, por exemplo, pagamentos de benefícios como seguro-desemprego ou o Bolsa Família, ou subsídios para que os bancos concedessem empréstimos com juros mais baratos a empresários a agricultores.

O atraso desses repasses é relativamente comum, mas na gestão Dilma eles atingiram níveis mais altos. A prática foi considerada, pela oposição ao seu governo, uma forma de maquiar as contas públicas.

Dilma também foi acusada de editar decretos de créditos suplementares sem a autorização do Congresso em 2015. Esses decretos autorizaram um aumento dos gastos públicos em um momento em que o governo sabia que não atingiria a meta fiscal. O artigo 167 da Constituição veta esse tipo de aumento de gastos.

Pois muito bem, caro leitor: Michel Temer já entrou para a história como o primeiro presidente a ser formalmente denunciado por corrupção no exercício do mandato. Encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal), a peça acusatória depende de autorização da Câmara – onde o peemedebista tem maioria – para continuar sob investigação no STF.

A revista Época teve acesso a provas que dizem que Michel Temer recebeu R$ 22 milhões em propinas. Uma segunda denúncia contra Temer – a PGR (Procuradoria-Geral da República) diz haver indícios de que os crimes de obstrução de Justiça e associação criminosa também tenham sido cometidos pelo presidente da República – deverá ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot nos próximos dias.

Não bastassem as denúncias que pesam contra Michel Temer, bem mais pesadas que as contra Dilma Ruosseff, ainda há, por parte do presidente, a compra de votos de deputados, através de emendas parlamentares para evitar o prosseguimento da denúncia contra ele no Supremo, feita pelo procurador Rodrigo Janot, por corrupção passiva, derivada da delação premiada da JBS.

Para conquistar deputados, o governo liberou R$ 4,1 bilhões em emendas parlamentares, negociou cargos e ainda tenta atender reivindicações dos cerca de 210 deputados que se dizem indecisos ou não declaram voto.  Ah, bom que se diga que toda essa presteza e determinação no front político por iniciativa do presidente, está sendo feita escancaradamente e dita pelos próprios governistas quando abordados pela imprensa.

O que está faltando, então, pra tirar Michel Temer da Presidência? Já não digo nem mais ser vontade política, mas o povo nas ruas, pois como dizia o saudoso Ulysses Guimarães, “político só tem medo do povo nas ruas”.

Aliás, vou citar o sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada , que em entrevista à CartaCapital foi taxativo ao afirmar que “a mídia, a Justiça e a intelectualidade, de maneira quase unânime, estão a serviço dos donos do poder e se irmanam no objetivo de manter o povo em um estado permanente de letargia. A classe média, acrescenta, não percebe como é usada e feita de imbecil pela elite”.

Acho que isso explica a não presença do povo nas ruas, sobretudo a classe média, para pedir o impeachment do presidente Michel Temer.

A conferir!

Imagem reproduzida da internet

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