Editorial

Editorial

Tá na hora de Dilma usar o bambolê que Henrique lhe deu

Em março, mais precisamente no dia 7, quando ainda se especulava se Henrique Alves seria ministro de Estado, escrevi um Editorial cujo título levava a uma indagação: “Henrique vai fazer as vezes de Sarney”. Clique aqui para conferir.

No texto, eu dizia que sem mandato, mas com grande influência no PMDB, amigo da cota pessoal do vice-presidente da República Michel Temer (PMDB-SP), da mesma forma do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – este implicado no esquema de corrupção na Petrobras – e, sobretudo um grande articulador político, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que se livrou da Lava Jato, podia fazer as vezes do ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que na época que estourou o escândalo do mensalão, no primeiro governo Lula, abortou uma CPI no Congresso Nacional para investigar o esquema.

É verdade que Henrique não ocupa mais nenhum cargo eletivo, ao contrário de Sarney na época do governo Lula que era presidente do Senado. No entanto, como já disse, Alves é um grande articulador político e hoje faz parte da cota de ministros do governo Dilma, na condição de titular da pasta do Turismo. Ocorre que a presidenta Dilma não digere bem Henrique. Para indicá-lo ministro de Estado comeu o pão que o diabo amassou com o PMDB, leia-se, Eduardo Cunha e Michel Temer. Mesmo assim, a presidenta insiste em praticamente ignorar Henrique Alves, o que é um erro diante da crise política que enfrenta no Congresso Nacional com reflexo nas ruas.

Fosse Lula certamente isto não estaria ocorrendo. Dilma precisa do PMDB, isso é um fato inconteste, para se livrar de uma possível instalação de um processo de impeachment na Câmara, coisa que já deve começar a passar pela cabeça de Eduardo Cunha, que desde segunda-feira tem suas gavetas vasculhadas na Câmara a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot ,com autorização do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Cunha é alvo de inquérito que apura se ele foi beneficiado com recursos desviados da Petrobras. O deputado aguarda julgamento de recurso que tenta trancar a investigação, o que deve ocorrer nos próximos dias.

Ao contrário de Lula, que é um animal político, Dilma é uma técnica e não tem jogo de cintura com a classe política. Lembra do bambolê dado por Henrique à Dilma quando ela ainda era ministra-chefe do Gabinete Civil do segundo governo Lula? Certamente por isso a presidenta Dilma não engole Henrique. Mas neste momento ela tem que tirar o bambolê, que Henrique lhe deu, do armário, e começar a se mexer antes que tenha que, verdadeiramente, rebolar para evitar um processo de impedimento. Eduardo Cunha já começa a babar para que isso aconteça.

É hora da presidenta Dilma convocar o ministro do Turismo, Henrique Alves, para uma conversa ao pé de ouvido. Conversa essa que envolve o vice-presidente Michel Temer e, claro, o raivoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. À oposição, digo, tucanos principalmente, não interessa o impeachment da presidenta, mas o seu sangramento até 2018, quando Lula deverá se apresentar como candidato novamente do PT a sucessão presidencial.

No entanto, a abertura agora de um processo de impeachment, mesmo que até agora não se tenha nenhum fundamento que possa levar a presidenta ao impedimento de governar o país, seria um desgaste político não só para o governo, mas como também para o PT. Não digo que Henrique Alves poderá evitar isso, mas por ser um grande articulador e com forte influência dentro do PMDB, ouso dizer que está na hora de Dilma dar mais atenção ao peemedebista. Certamente Lula faria isso, se é que não já deu conselhos a ela para que proceda dessa forma.

A conferir!

 

Share Button

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com