blogdobarbosa

por Carlos Alberto Barbosa

Como jornalista e com mais de 30 anos de profissão já tive oportunidade de trabalhar na Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) em dois governos – Robinson Faria e Fátima Bezerra. Em ambas ocasiões atuei como assessor de imprensa da pasta com secretários respeitáveis como Ricardo Lagreca, George Antunes e o atual Cipriano Maia. Com todos eles o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel sempre foi o “patinho feio da saúde”. Não por culpa dos gestores, mas porque se criou a política da ambulancioterapia. Ou seja: o sujeito é mordido de cobra no interior, manda pro Walfredo; uma mulher cortou a mão com uma faca, manda pro Walfredo; teve uma dor de cabeça com diarreia, vai pro Walfredo. Enfim, o Walfredo Gurgel é o Posto Ipiranga da Saúde.

Fiz este preâmbulo porque posso dizer que conheço bem a história do maior Hospital Público do Rio Grande do Norte, que bem ou mal é referência no estado. O governo Fátima Bezerra tenciona resolver o problema do “posto ipiranga” com a criação dos consórcios interfederativos de saúde, cujo projeto já foi aprovado pela Assembleia Legislativa e os entendimentos já se iniciaram com alguns municípios. Isso, na prática, vai evitar a ambulancioterapia. Experiência exitosa há mais de dez anos deu resultado no vizinho estado do Ceará. Para isso basta ter vontade política, o que a governadora Fátima Bezerra já demonstrou ter e espera contar também com a vontade política dos prefeitos, sem partidarismo. A saúde do povo norte-riograndense tem de ser prioridade.

Contudo, vez ou outra surgem notícias de que houve isso e aquilo no Walfredo Gurgel e responsabilizam, claro, o governo da hora. Agora mesmo a Sesap divulgou uma nota para esclarecer um fato ocorrido na última sexta-feira (5) e que abrirá sindicância para apurar. E não venham me dizer que a sindicância só vai ser aberta porque teve repercussão na imprensa. Uma pessoa faleceu e a Sesap quer apurar se houve negligência no atendimento.

Diz a nota:

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) esclarece que, em relação ao usuário que buscou, na última sexta-feira (5), atendimento no Hospital Walfredo Gurgel (HWG), foi aberta uma sindicância para que se faça uma apuração aprofundada dos fatos, a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis.

Importante esclarecer que a Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE) é constituída de diferentes “portas de entrada”, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Unidades Básicas de Saúde (UBS), Portas Hospitalares de Urgência e Emergência, SAMU 192, Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), leitos de retaguarda e sala de estabilização, entre outros.

Cada unidade que compõe a rede tem um perfil específico, que é pactuado e aprovado nas instâncias deliberativas do SUS. Todos os municípios e serviços conhecem os fluxos assistenciais de acesso, desenho da rede e complexidade dos serviços.

Os casos de complexidade intermediária normalmente são encaminhados para as UPA’s ou os Pontos de Atendimento/Socorro (PA/PS) dos Municípios. Quando há necessidade, podem ser encaminhados para um hospital da rede de saúde, onde são realizados procedimentos da alta complexidade.

No caso do paciente citado, informamos que ele foi encaminhado para o Hospital dos Pescadores, que possui o perfil adequado para ofertar o atendimento que o mesmo necessitava, conforme o fluxo assistencial do SUS.

A Direção do HWG e da Sesap lamentam o ocorrido, ao mesmo tempo em que se solidarizam com a família do paciente, colocando-se à inteira disposição da mesma para fornecer mais esclarecimentos que se fizerem necessários.A Direção do HWG e da Sesap lamentam o ocorrido, ao mesmo tempo em que se solidarizam com a família do paciente, colocando-se à inteira disposição da mesma para fornecer mais esclarecimentos que se fizerem necessários.

O que me parece é que setores da imprensa papa-jerimum só divulgam e exploram as denúncias contra o governo petista da professora Fátima Bezerra, ainda mais em ano pré-eleitoral. Senão vejamos:

Em 6 de julho de 2020, ou seja, há pouco mais de um ano, o jornalista Dinarte Assunção publicou em seu blog (Blog do Dina), um texto em que denunciava os desmandos no Hospital Municipal de Campanha do prefeito tucano Álvaro Dias, na época candidato a reeleição. Na matéria, Dinarte Assunção falava de diálogos gravados e transcritos em seu blog entre profissionais médicos e enfermeiros denunciando o descaso no hospital, inclusive, com pacientes que teriam ido a óbitos por falta de tratamento adequado da Covid-19. O blogdobarbosa replicou a matéria, tendo em vista a gravidade do assunto. Clique aqui para relembrar.

No entanto, não houve repercussão na imprensa e o caso ficou esquecido. Nem o Ministério Público que ficou de apurar a denúncia se manifestou até hoje. Quer outra?

Em outubro último o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-secretário adjunto de Saúde de Natal, Vinícius Capuxu de Medeiros, por crimes na compra irregular de 20 respiradores pulmonares. O prefeito de Natal, reeleito em 2020, Álvaro Dias (PSDB), sequer se manifestou sobre o assunto.

Os respiradores foram comprados para atender pacientes de covid-19 na cidade. O MPF também apresentou denúncia contra o empresário Wender de Sá.

Segundo o Ministério Público, eles cometeram os crimes de peculato qualificado, dispensa ilegal de licitação e fraude à execução de contrato administrativo. Segundo o MPF, eles direcionaram ilegalmente a compra de respiradores junto à empresa Spectrum Equipamentos Hospitalares por R$ 2,1 milhões.

Ah, antes que esqueça: A Câmara Municipal do Natal até agora não abriu uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para se aprofundar na denúncia, enquanto na Assembleia Legislativa foi criada a CPI da Covid, a qual denomino de “CPI dos Aflitos”, para apurar possíveis irregularidades do governo Fátima Bezerra na condução do combate a pandemia no estado.

Como diz o título deste artigo, antes que os aventureiros lancem mão é bom esclarecer os fatos

Foto reproduzida da Internet