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A quem incomoda a força do PT? A quem incomoda a liderança nacional e popular do Lula?

por Emir Sader, no site Brasil 247

O PT conquistou seu lugar hegemônico na esquerda ao longo da sua trajetória como partido, desde a eleição da bancada federal majoritária na esquerda, passando pelas expressivas experiências de governo em prefeituras – com particular destaque para Porto Alegre e o orçamento participativo -, pelos governos estaduais e pela liderança nacional do Lula. Não foi um processo artificial, nem autoritário.

As candidaturas do Lula à presidência consolidaram essa força, projetando o partido como o eixo fundamental na luta contra o neoliberalismo dos governos tucanos. Foi o PT e os movimentos sociais com vínculos privilegiados com ele, quem conduziu a resistência na década de dominação neoliberal no Brasil.

Como resultado dessas lutas Lula se elegeu em 2002 como o primeiro presidente operário do Brasil, colocando em prática programas antineoliberais pela primeira vez no país, articulando, ao mesmo tempo, governos antineoliberais na América Latina. Lula projetou o Brasil no  mundo na luta contra a fome e contra o neoliberalismo, tornando-se o estadista mais importante no plano internacional.

Os governos do PT foram a demonstração de como o partido compreendeu, melhor que outras forças, a via da luta contra o neoliberalismo. Pela primeira vez a esquerda foi a força hegemônica no país, quando Lula saiu do governo com 87% de apoio.

Pela primeira vez no Brasil, o PT elegeu uma mulher como presidenta, que deu continuidade às políticas sociais que diminuíram, pela primeira vez na nossa história, a desigualdade, a fome, a miséria e a exclusão social. Foram esses governos que projetaram o Brasil no mundo como exemplo de governo antineoliberal.

Ao mesmo tempo, pela transformação das condições de vida do nordeste, a região mais abandonada do Brasil, o PT elegeu uma série de governadores que consolidaram essas transformações e fizeram com que essa região, historicamente feudo da direita, se transformasse em bastião da esquerda no Brasil.

A direita não se equivoca, quando se trata de escolher seu inimigo fundamental: o PT e o Lula. A velha mídia tem o PT e Lula como seus inimigos, porque sabem que são os que podem voltar a governar o Brasil como o fizeram durante mais de três mandatos, marginalizando a direita e própria influência norte-americana no nosso pais. Sempre que podem, apoiar outros setores e candidatos da própria esquerda, quando consideram que isso pode enfraquecer o PT.

A existência de outras forças na esquerda só fortalece a esquerda, contanto que não se faça às custas do enfraquecimento do PT. Há lugar para muitas forças, a luta é muito dura para o resgate da democracia e de um modelo de governo antineoliberal. A preocupação mequinha de dizer que o PT não é mais hegemônico na esquerda, de que não há mais força hegemônica, não significa a afirmação de uma frente ampla democrática da esquerda. Esta tem no PT seu principal batalhador por essa força. A generosidade do Lula na relação com todas essas forças é um instrumento indispensável na construção do bloco de forças democrático que o Brasil necessita.

O anticomunismo foi uma força para barrar a esquerda, quando os Partidos Comunistas eram força hegemônica na esquerda. O antipetismo substitui hoje o anticomunismo, sendo sua versão contemporânea. Livre atiradores, ex-petistas, órfãos dos partidos da velha esquerda do século passado, alguns grupos de esquerda, fazem o jogo do antipetismo, incomodados com a força do PT e do Lula. Se apegam a qualquer circunstância para decretar o fim do PT e do Lula, somando-se, conscientemente ou não, aos desígnios da direita.

A força do PT e do Lula foram construídas a partir da luta sindical, da luta dos movimentos sociais de governos de sucesso nas prefeituras, nos governos estaduais, nos parlamentos municipais, estaduais, federais, na liderança do Lula no Brasil e no mundo. É uma força que está a serviço do Brasil, da América Latina e da esquerda no mundo. Sua força é a força da esquerda no Brasil, na América Latina e no mundo.  

Sem o PT e a liderança do Lula, não haverá avanços significativos na luta pelo resgate da democracia, do retorno de governos antineoliberais e por um Brasil soberano.

*Emir Sader é colunista do 247 e um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

Foto reproduzida da Internet

 

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