Editorial

Apologia à violência

É de extrema preocupação que um candidato à Presidência da República mesmo enfermo, após sofrer um atentado, use as redes sociais para fazer apologia à violência, falo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ). A foto, com ele fazendo gesto com as mãos que simula armas, um gesto característico de sua campanha, foi feita por seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), deputado estadual no Rio de Janeiro e candidato ao Senado que publicou na rede social Twitter, claro, com o consentimento do pai.  O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), outro filho do presidenciável, disse a jornalistas que não vê “nada que possa gerar violência”..

Bolsonaro certamente colheu o “fruto” de sua insensatez com o discurso de “bandido bom é bandido morto”, e de que se eleito presidente da República irá revogar a Lei do Armamento. Violência gera violência. Esse discurso simplório e perigoso conquista parte do eleitorado cansado da violência que assola o país, no entanto, não é com gestos fazendo apologia à violência e assumindo uma posição de “Salvador da Pátria”, de que vai acabar com a bandidagem que ele vai convencer parte do eleitorado, que mesmo cansado de tanta violência, está consciente de que o problema é muito complexo e não se resolve apenas matando bandido.

Lembro que o crime organizado está hoje, talvez, melhor aparelhado que o Estado, prova maior disso é a intervenção militar no Rio de Janeiro que não surtiu o efeito esperado. O combate a violência tem que ser combatido na raiz do problema, com políticas sociais capaz de dar oportunidade a crianças e jovens da periferia e dos morros  para que tenham perspectiva de vida. Se um jovem de classe menos favorecida não tem oportunidade de estudar e de ter um emprego, o tráfico de drogas o “adota” e o transforma num potencial traficante. Isso não é conversa filosófica, é fato!

Jair Bolsonaro com o seu discurso de apologia a violência só vai fazer piorar mais a situação, que já é de “guerra”. Errado também querer se transferir o atentado sofrido pelo candidato ao campo político e tentar incriminar os partidos de esquerda por isso. É outro discurso da mesma forma perigoso. Isso provoca ainda mais o acirramento das discussões políticas no país, que já vem sendo vivenciado desde a eleição de Dilma Ruosseff, quando o Brasil ficou literalmente dividido.

Sob o título “o Brasil que eu não quero”, a jornalista Heldegard Hangel publicou artigo no Jornal do Brasil dizendo que, “hoje, em véspera de eleição, momento crucial em que a preocupação geral é a segurança, os telejornais a enfatizam, como agentes provocadores de intimidação dos brasileiros. Apavorados, os cidadãos só enxergam seu pânico, alheios a qualquer perspectiva positiva. E ações extremas passam a ser única opção. Uma sociedade manipulada, não só pelos fatos, mas sobretudo pelo noticiário, que potencializa os temores de cada um. Nenhuma brecha para fatos construtivos. É esse o projeto político da grande mídia? Incendiar o país? Plantar a discórdia? A insegurança generalizada?”

E arremata:

“Esse medo coletivo fortalece a posição de candidatos sem qualquer capacidade ou preparo para exercer as funções de Presidente da República Federativa do Brasil, em que a segurança é fator importante, mas não único. E a educação? E a habitação? E o saneamento básico? E a retomada do desenvolvimento estagnado da Nação brasileira? E a engenharia brasileira, fundamental para o desenvolvimento e a multiplicação de empregos, desde a mão de obra não especializada ao engenheiro? Onde se quer chegar? Entregar a Nação a um despreparado? Ou a outro que já tenha mostrado competência? Qual o Brasil que queremos?”

Perfeita Hildegard Hangel!

Foto reproduzida da Internet

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