Editorial

As dúvidas permanecem

Embora o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tenha aceitado o pedido da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) determinando que plataformas de conteúdo, redes sociais e a campanha de Lula (PT) remova o vídeo em que Bolsonaro diz que “pintou um clima” ao descrever um “encontro” com meninas venezuelanas ocorrido nos arredores de Brasília em 2021, o presidente precisa explicar o por quê de não ter levado, à época, o caso a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, hoje eleita senadora pelo Distrito Federal.

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou em entrevista a um PodCasts na sexta-feira (14). 

Aliás, a fala de Jair Bolsonaro foi refutada por uma venezuelana que estava presente no dia. Segundo a mulher em entrevista ao UOL, no dia em que Bolsonaro fez a visita, estava acontecendo uma ação social para refugiados no local. “Não tem nada a ver com o que ele está falando agora”, diz a venezuelana, que pediu para ter seu nome preservado.

Bolsonaro, que é candidato a reeleição pelo PL usou as redes sociais na madrugada do domingo (16) para tentar explicar a declaração. Segundo ele, a live feita sobre as menores venezuelanas foi há dois anos e foi transmitida pela CNN. “Se fosse outros interesses, por que eu teria feito uma live ao vivo?”, questionou. 

Bolsonaro se tornou pródigo em vacilos: Disse que Lula só ganhou no Nordeste no primeiro turno porque os “nordestinos são analfabetos. Sua campanha na TV mencionou que Lula tem a preferência dos votos dos presidiários. O petista no primeiro turno das eleições presidenciais obteve 57 milhões de votos, ou seja, Bolsonaro contabilizou os votos destes brasileiros com os presos provisórios e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e votaram no primeiro turno. Cerca de 12 mil. O direito a voto para essas pessoas está previsto na Constituição de 1988, mas só foi viabilizado em março de 2010, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regulamentou a instalação de urnas em presídios e unidades de internação.

Esqueceu a campanha de Bolsonaro de dizer, no entanto, que quase meio milhão de votos no capitão saíram de áreas dominadas pela milícia, principalmente de Campo Grande e Paciência no Rio de Janeiro. Bolsonaro venceu em 90% das zonas eleitorais em territórios de milícia no Rio. Portanto…

Mas os vacilos de Jair Messias Bolsonaro não param por aí. No afã de conquistar votos do eleitorado católico, Bolsonaro e sua claque, portando até cervejas, foram ao Santuário de Aparecida no dia 12 último, dia em que se comemora Nossa Senhora Aparecida, o que provocou confusão, inclusive, com seus apoiadores agredindo repórteres e cinegrafistas da TV Aparecida. Resultado: mais de 400 padres e 10 bispos católicos emitiram manifesto acusando o presidente Jair Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Clique aqui para ler sobre o assunto.

Foto reproduzida da Internet

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