Política

CPI da Covid: quebra de sigilo mostra salto em faturamento de ONGs citadas por Witzel

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Quando depôs na CPI da Covid, o ex-governador Wilson Witzel disse que a corrupção na Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro continuou após sua saída e citou diversas organizações sociais (OS) que deveriam ser investigadas pelos senadores.

A pedido do colegiado, o Coaf enviou relatórios de inteligência que mostram o aumento exponencial na movimentação financeira dessas organizações, reforçando as suspeitas.

Uma das citadas foi a já famosa Associação Filantrópica Nova Esperança, citada na mesma investigação que envolveu Witzel. Segundo o MPF, a entidade seria dirigida por Marcos Pereira Dias, irmão do Pastor Everaldo, que também foi preso.

O relatório do Coaf traz dados da receita bruta da Nova Esperança, que saltou de R$ 337,6 mil em 2018 para R$ 17 milhões em 2019. Já a movimentação financeira saiu de R$ 816,6 mil para R$ 15 milhões, no mesmo período.

Em 2020, segundo dados parciais, a movimentação saltou 15 vezes, alcançando o valor de R$ 249 milhões, tendo como origem transferências bancárias de órgãos públicos estaduais, outras associações filantrópicas, além de transferências internas de empresas de materiais hospitalares e pessoas físicas.

Chamou atenção da CPI o aumento expressivo também da saída de recursos, especialmente por meio de saques em espécie e pagamentos diversos.

Outra organização citada por Witzel e que teve o sigilo fiscal aberto foi a OS Mahatma Gandhi. Da mesma forma, os dados fornecidos pelo Coaf vão até meados de 2020.

De acordo com o relatório financeiro, a receita da entidade saltou de R$ 278,9 milhões em 2018 para R$ 418,6 milhões em 2019. Já a movimentação financeira, que inclui entrada e saída de recursos, saiu de R$ 329,6 milhões em 2018 para R$ 738,4 em 2020.

A Mahatma Gandhi teve como principais fontes pagadoras as prefeituras de Itaboraí (RJ), Araçatuba (SP), o governo do Rio Grande do Sul e os fundos municipais de Saúde de Mafra (SC) e Serra (ES).

Uma terceira organização citada pelo ex-governador do Rio foi o Instituto Brasil Saúde (ex-Iabas), cuja receita em 2018 foi de R$ 1,3 bilhão, caiu para R$ 899,4 milhões em 2019 e chegou a pouco mais de R$ 1 bilhão até julho de 2020 — o que sugere que tenha dobrado até o fim do ano.

A movimentação financeira da entidade variou de R$ 2,4 bilhões em 2018, caiu para R$ 1,9 bilhão em 2019 e subiu para R$ 2,8 bilhões até julho de 2020. A OS, que tem histórico de denúncias, contratou o advogado Roberto Bertholdo, conhecido por fazer lobby em Brasília.

Também teve o sigilo fiscal compartilhado com a CPI o Instituto Unir Saúde, mas os dados de receita bruta (R$ 117,1 milhões) se referem apenas a 2018. A movimentação financeira naquele ano foi de R$ 171,7 milhões, subindo para R$ 230 milhões em 2019 e chegando a R$ 48 milhões em meados de 2020. A OS seria ligada ao empresário Mário Peixoto, investigado no esquema de Witzel.

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