Artigo

Democracia em risco

por Carlos Alberto Barbosa

Um dia após depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, à Polícia Federal, em que foram entregues elementos para provar que seu ex-chefe cometeu crimes – seis possíveis crimes que Jair Bolsonaro poderia ter cometido se provadas as acusações do ex-ministro da Justiça contra ele: obstrução judicial,  corrupção passiva privilegiada, falsidade ideológica, prevaricação, coação no curso do processo e advocacia administrativa – Bolsonaro recebe apoio de simpatizantes em um ato anti-democrático em Brasília.

A manifestação, apoiada por Bolsonaro, vai na contramão da democracia, pois que, mais uma vez, os manifestantes com a presença do presidente da República, fizeram ataques explícitos contra o Congresso Nacional, contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, além do Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro encontrou os manifestantes no Palácio do Planalto e, novamente, defendeu o fim da quarentena com o pretexto de que não se pode deixar os efeitos colaterais do combate ao coronavírus serem mais prejudiciais que o próprio vírus. “Infelizmente, muitos serão infectados e perderão suas vidas, mas é uma realidade”, disse novamente. Bolsonaro também aproveitou para atacar os governadores, colocando a culpa neles pelo desemprego de milhares de trabalhadores durante a pandemia. Clique aqui para ver o que a imprensa internacional diz sobre a pandemia no Brasil.

Em frente ao ato com bandeiras do Brasil, Israel e Estados Unidos, Bolsonaro também declarou: “Nós temos o povo ao nosso lado e as Forças Armadas ao lado do povo”. A declaração é feita em momento de grande crise do Planalto com setores do Judiciário e do Legislativo. Muitas faixas pela intervenção militar, religiosas e contra os outros poderes podiam ser vistas carregadas pelos manifestantes.

O clima é tenso no Planalto. Os seguidores de Bolsonaro com o seu total apoio estão colocando em risco a estabilidade democrática no país, podendo levar a uma crise institucional até agora contornada, mas que a cada domingo, a cada manifestação com os arroubos de costume de Jair Bolsonaro, a situação fica cada vez mais insustentável, embora ele [Bolsonaro] quando percebe que entornou o caldo tente fazer um mea-culpa depois. Tem sido assim repetidas vezes!

Contudo, a Suprema Corte do país parece ter saído das cordas e passado à ofensiva. Sinal disso não é apenas a decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal, mas todo o conjunto da obra das últimas semanas – permitindo prever que ainda virá mais.

O que está faltando agora, mais do que nunca, é o Congresso Nacional tomar uma posição clara e objetiva contra os atos anti-democráticos de Bolsonaro e seus seguidores principalmente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já tem em mãos ao menos 19 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Maia ainda não tomou decisão sobre nenhum. É hora do presidente da Câmara também sair das cordas e passar a ofensiva.

A conferir!

Foto reproduzida da Internet

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