Editorial

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Natalense não se interessa pela memória da cidade

Como este espaço é democrático e embora defenda a preservação do Hotel Internacional dos Reis Magos, construído ainda na década de 1960 pelo então governador Aluizio Alves, já falecido, decidi promover uma enquete – já encerrada – para saber o que o leitor achava no caso de demolir ou não o antigo hotel, marco do turismo na capital potiguar. Qual foi a minha surpresa em saber que para 60% das pessoas que participaram da avaliação o hotel deve ser sim demolido. Apenas 40% se posicionaram contrárias.

Não me incluo entre os saudosistas, mas entendo que uma cidade sem memória não tem história. Já falei sobre isso em duas outras ocasiões também em Editoriais. Não vou repetir o que disse para não me tornar um chato, apenas acho que a demolição do hotel, quando poderia e deve ser preservado, não vai impedir o progresso daquela área – praia do Meio – já tão sacrificada em função de ninguém querer investir ali principalmente o empresariado.

Natal tem a orla urbana mais feia do Nordeste e isto não se deve ao “cadáver” do Hotel dos Reis Magos, mas sim a falta de infraestrutura urbana capaz de fazer a remoção dali da comunidade de Brasília Teimosa. O primeiro passo já foi dado com a retirada dos tanques da Petrobras. Veja enquete sobre o assunto na coluna à direita. Agora é preciso ter coragem e determinação, como em alguns lugares da cidade em que a prefeitura teve que indenizar as pessoas para promover obras de mobilidade urbana. Exigência da Fifa devido a Copa do Mundo? Sim, acredito! Mas o progresso também exige que a orla urbana da capital potiguar seja modernizada, sem o que nem um projeto de revitalização vingará. Haja vista a revitalização das praias dos Artistas e do Meio quando a hoje, vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, foi prefeita pela primeira vez.

Não sejamos hipócritas de pensar que a derrubada do Reis Magos vai fazer com que as praias dos Artistas, do Meio e do Forte serão revitalizadas a ponto dos empresários quererem investir ali com a construção de novos hotéis, bares e restaurantes. Isso é utopia. Quando a ponte Newton Navarro foi construída dizia-se que a orla urbana de Natal iria melhorar com novos investimentos. Qual nada. Nem a praia da Redinha melhorou com a ponte. Ao contrário, entre a Redinha Nova e a praia de Santa Rita o que se observa são casas de veraneio totalmente abandonadas e uma verdadeira favela de barracas à beira mar. Quem se der ao trabalho de ir até Santa Rita pela beira mar vai constatar o que estou dizendo.

Então, repito: vamos deixar de ser hipócritas e acusar somente o “moribundo” do Hotel dos Reis Magos pelo não progresso da área, que como disse outro dia um magistrado, só serve de abrigo para ratos e marginais. Com todo respeito discordo desse ponto de vista. Acho que o grupo que comprou o prédio, como assumiu o compromisso de manter a sua estrutura na primeira gestão Carlos Eduardo Alves, deve mantê-lo e explorá-lo como marco do turismo natalense.

Segundo o prefeito,  ele não vai autorizar a derrubada do prédio, e que vai chamar o empresário pernambucano José Pedroza, fundador do “Hotéis Pernambuco”, grupo empresarial que detém o controle do Reis Magos, para dizer que as linhas arquitetônicas do imóvel têm que ser preservadas. O prefeito quer que o empresário utilize a área do Hotel, no entanto mantendo a originalidade da fachada.

Parabenizo Carlos Eduardo Alves pela tentativa de manter a memória da cidade. Parabenizaria mais ainda se tivesse a ousadia de remover a comunidade de Brasília Teimosa. Aí sim, acreditaria que o progresso poderia chegar aquela área tão “valorizada” da cidade dos Reis Magos. Ah, ia esquecendo. Por que não se rever também a questão do gabarito para futuros empreendimentos nas praias dos Artistas, do Meio e do Forte. Fica a sugestão!

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