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Golpe de FHC e Pedro Parente na Petrobras esfola os brasileiros, mas Bolsonaro não tem coragem de enfrentar a raiz do problema. Veja vídeo em que Paulo Francis já denunciava escândalos na estatal nos governos FHC

por Leonardo Attuch, no site Brasil 247

Há duas semanas, publiquei aqui no 247, um artigo em que expliquei as verdadeiras causas do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. O motivo central foi a questão do petróleo. Sem Dilma, o PSDB foi capaz de fazer o que pretendia realizar com Aécio Neves, desmantelando a Petrobras, empresa que era o carro-chefe do desenvolvimento nacional, e vendendo-a aos pedaços. Não por acaso, a primeira medida do governo golpista de Michel Temer foi aprovar o projeto do senador tucano José Serra (PSDB-SP) para abrir a exploração do petróleo a empresas internacionais e também não foi acidental o fato de o próprio Fernando Henrique Cardoso ter escolhido a dedo seu braço direito e homem de confiança Pedro Parente para comandar a estatal. De forma não declarada, a Petrobrás começou a se converter em “Petrobrax”, projeto acalentado por FHC em seu segundo mandato, já a partir da posse de Temer.

Pedro Parente deu início a esse desmonte, liquidando ativos da Petrobrás em vários setores. Vendeu gasodutos, paralisou investimentos e entregou campos de petróleo a empresas internacionais, que talvez tenham sido as principais financiadoras do golpe de 2016. Além disso, Parente mudou a política de preços da Petrobrás. Se, com Dilma, os reajustes eram definidos a cada três meses, também com base no mercado internacional, para não transferir choques temporários de preços à economia brasileira, no governo Temer-FHC a política de Parente passou a ser de reajustes diários. Enquanto o dólar e o petróleo estavam baratos, os efeitos do desmonte não foram sentidos. No entanto, bastou uma mudança nos preços internacionais para que os brasileiros sentissem que estavam sendo esfolados e o resultado foi a greve dos caminhoneiros, de 2017.

Desde então, o governo brasileiro vem negando a realidade e tentando iludir os caminhoneiros com subsídios disfarçados. A classe média que protestava contra a gasolina cara desapareceu. E os brasileiros que cozinhavam com gás de cozinha voltaram ao fogão de lenha. Tudo isso é consequência da política de preços destrutiva implantada pelo PSDB na Petrobrás, após a derrubada de Dilma para agradar as chamadas “forças de mercado”, que na verdade foram os grandes patrocinadores da Lava Jato, da ruptura democrática no Brasil e da ascensão do próprio bolsonarismo.

Curiosamente, Jair Bolsonaro hoje é um refém das forças que deram o golpe de 2016. Como presidente acidental, ele certamente gostaria de se reeleger em 2022. No entanto, deve fidelidade aos que o colocaram no poder e não tem coragem de enfrentar a raiz dos problemas. Ontem, em sua live, ao comentar um novo aumento no preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, disse que “algo vai acontecer” na Petrobrás. No entanto, em vez de fazer o certo, que seria demitir o presidente Roberto Castello Branco, paralisar a venda de refinarias e fazer com que a Petrobrás volte a ser uma empresa integrada de energia, como, aliás, são as grandes petroleiras internacionais, ele sinalizou que pretende mexer no ICMS dos combustíveis, o que irá provocar queda na arrecadação tributária dos governos estaduais e acentuar os conflitos federativos.

No dia de ontem, entrevistei o professor Gilberto Bercovici, da Universidade de São Paulo, que disse que toda a privatização e todo o desmonte da Petrobrás podem ser revertidos caso haja vontade política. Ontem, também publicamos que a Lava Jato comemorou a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff. Se o grupo que “combatia a corrupção” festejou a derrubada de uma mulher honesta e a ascensão dos políticos mais corruptos da história do Brasil, o que os movia talvez também fosse a entrega do petróleo. E foi esta entrega do petróleo, consequência da Lava Jato, que mudou os preços dos combustíveis no Brasil a partir da chegada do PSDB ao comando da Petrobrás.

* Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247

Em tempo: o jornalista Paulo Francis (in memoriam) já denunciava escândalos na Petribras nos governos FHC. Clique aqui para ver o vídeo

Foto reproduzida da Internet


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