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Não, não se trata de uma série televisiva. É a pura realidade neste Brasil varonil.
Um presidente da República que virou o primeiro mandatário do país a ser denunciado por corrupção pela Procuradoria-Geral da República, se reunir, à noite, fora da agenda oficial, com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O encontro, sem divulgação, ocorreu na véspera da escolha da nova Procuradora-Geral da República e da sessão do STF sobre a validade da delação da JBS. Falo de Michel Temer e de Gilmar Mendes.
Um ministro da Corte Suprema do país que liberou um senador para voltar a exercer suas funções, mesmo depois da Procuradoria Geral da República ter solicitado a sua prisão, por estar sendo investigado por prática de corrupção e tentativa de obstrução da Justiça – Operação lava jato.
Na decisão, este mesmo ministro escreveu que o partido do referido político é um dos maiores partidos do Brasil e que ele, o político, tem uma carreira política “elogiável”.
“O agravante é brasileiro nato, chefe de família, com carreira política elogiável – deputado federal por quatro vezes, ex-presidente da Câmara dos Deputados, governador de Minas Gerais em dois mandatos consecutivos, o segundo colocado nas eleições à Presidência da República de 2014 – ditas fraudadas –, com 34.897.211 votos em primeiro turno e 51.041.155 no segundo, e hoje continua sendo, em que pese a liminar implementada, senador da República, encontrando-se licenciado da Presidência de um dos maiores partidos, o Partido da Social Democracia Brasileira.“
Falo do ministro Marco Aurélio Mello e do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Um ministro do Supremo Tribunal Federal que tem a importante missão de ser o relator da maior operação contra a corrupção neste país – Lava jato – mandar soltar um ex-deputado flagrado pela Polícia Federal recebendo de um executivo de uma empresa frigorífica uma mala com R$ 500 mil que, segundo delatores desta mesma empresa, era dinheiro de propina.
O tal político foi preso preventivamente (antes de julgamento) no dia 3 de junho, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), em razão das delações de executivos da respectiva empresa.
Ah, um detalhe importante: segundo a PGR, o dinheiro destinava-se ao presidente da República e era parte de propina paga pela empresa do ramo frigorífico para que ela fosse favorecida, por influência do governo, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), num processo para reduzir o preço do gás fornecido pela estatal de petróleo a uma termelétrica da empresa.
Estou falando do ministro Edson Fachin e do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Com a palavra, o leitor!
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