O Baú de um Repórter, Política

O Baú de um Repórter

Há vinte anos acontecia a primeira eleição direta para presidente da República após um longo regime ditatorial comandado pelos militares no Brasil. Na época era repórter de Política do jornal Diário de Natal. Fui escalado pelo colega e amigo Luciano Herbert [editor de Política] para acompanhar a passeata do então candidato Luís Inácio Lula da Silva, pelo PT, que iria acontecer em Natal (RN), com um grande comício depois no Alecrim, bairro mais populoso da capital potiguar. Vamos ao fato:

As eleições presidenciais de 1989 e a carreata de Lula em Natal

Era um sábado, salvo engano. A minha pauta era ir cobrir a carreata do PT com a presença de Lula e em seguida um comício que iria se realizar no bairro Alecrim. A pauta dizia que Lula daria uma coletiva ainda no aeroporto após sua chegada prevista para às 9h, seguiria depois em carro aberto em carreata pelas principais ruas e avenidas de Natal, até terminar no Alecrim onde haveria um comício. Minha tarefa: participar da coletiva, registrar a carreata e retornar à Redação para produzir a matéria para sair em O Poti, no domingo, segundo recomendação do editor-geral do DN na época, Aluísio Lacerda. Depois ir ao comício para uma nova reportagem para a edição da terça-feira. Naquela época os jornais em Natal não circulavam na segunda-feira.

Fomos eu e o fotógrafo Eduardo Maia, se não estou enganado, para a cobertura. No caminho do aeroporto já dava pra perceber que a carreata seria monstruosa tamanho o número de carros se dirigindo ao aeroporto. Na BR-101 às pessoas se aglomeravam no acostamento sob um sol escaldante. Bandeiras vermelhas eram agitadas e o jingle da campanha de Lula – Lula Lá – não parava de tocar nos carros de som no aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim.

Ao desembarcar, Lula foi ovacionado pela multidão que o aguardava no aeroporto. Na sala vip uma mesa com a bandeira do PT sobre ela foi colocada para Lula conceder a entrevista. Repórteres de rádio, televisão e jornal junto com fotógrafos e cinegrafistas se acotovelavam para a entrevista. Quando tudo foi organizado, enfim, Lula pode dar a tão esperada entrevista. Nessa época sua candidatura vinha em ascendência. Nem bem acabou a coletiva a multidão começou a cantar Lula Lá. Uma coisa jamais vista por mim numa campanha política.

Para chegar a camionete que o levaria na carreata Lula teve que ser protegido pelos seguranças. As pessoas queriam lhe abraçar, apertar a sua mão, enfim, um contato qualquer que fosse com o candidato. A carreata ocupou as três faixas da BR-101 no trajeto entre Parnamirim e Natal, cerca de 10 quilômetros. Quando chegamos em Neopólis soltamos do carro da reportagem para Eduardo Maia fazer uma foto de cima de uma passarela, que estava repleta de gente. Dalí dava pra ver a extensão da carreata que tomava conta da BR. A foto acabou saindo em destaque na edição do domingo.

Essa foi uma das coberturas jornalísticas mais emocionantes que fiz nesses mais de 25 anos de profissão. Uma coisa inesquecível tamanho era o carinho do povo por Lula.

Obs do Blog: O web-leitor que quiser conhecer outras memórias deste repórter é só ir em BUSCA na coluna à direita e digitar uma palavra-chave tipo Baú

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