Editorial

O Brasil vive um momento nefasto

Como diz a letra da música “Pessoa Nefasta”, do grande Gilberto Gil –
Tu, pessoa nefasta
Vê se afasta teu mal
Teu astral que se arrasta tão baixo no chão
Tu, pessoa nefasta
Tens a aura da besta
Essa alma bissexta, essa cara de cão

O Brasil vive um momento nefasto sob todos os pontos de vista. Como bem disse o jornalista Jamil Chade, que é correspondente internacional em Genebra (Suíça), relatando o choque com o caso do vídeo nazista de Roberto Alvim (ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro), que foi ao ar na quinta-feira (16) à noite, foram registrados vários episódios de perplexidade e indignação na Europa e concluiu:

“A realidade é que, depois de um dos maiores escândalos de corrupção, do caos político, da Amazônia, da situação dos indígenas, da violência dos policiais, dos elogios ao general Pinochet, agora é o fascismo que contribui para desmanchar uma imagem cultivada pelo Brasil no exterior por décadas.”

Lembro que Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, citado em frases por Roberto Alvim, disse: “Temos que fazer o povo crer que a fome, a sede, a escassez e as enfermidades são culpa de nossos opositores, e fazer com que nossos simpatizantes repitam isso a todo momento”.

O site Intercept Brasil teve acesso a um e-mail confidencial enviado a diretores de entidades como a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Fundação Nacional das Artes (Funarte). No texto, um assessor do secretário-adjunto especial de Cultura José Paulo Martins, em nome de Martins, expõe detalhadamente os mesmos ideais proclamados por Alvim e que levaram à queda do dramaturgo. O e-mail foi disparado dois dias antes do vídeo que cita frases de Goebbels.

No e-mail, o então assessor e agora secretário interino pede aos interlocutores que organizem “objetivos e ações para 2020″ levando em consideração alguns pontos prioritários: o nacionalismo, a exaltação à família, a “profunda ligação com Deus” e a “luta contra o que degenera”. Este último tópico é uma associação direta ao nazismo, que tinha o conceito de “arte degenerada” – aquela considerada imoral e perigosa por não seguir os parâmetros do regime.

Diz o texto:

“Há o interesse precípuo em promover o renascimento no cenário cultural e artístico, fortalecidos por princípios e valores da nossa civilização, onde a Pátria, a Família, a determinação e, em especial, a nossa profunda ligação com Deus, norteie o que nos propomos a realizar. Que o nosso trabalho tenha as virtudes da fé, da lealdade, da coragem e da luta contra o que degenera; e que estas virtudes sejam alcançados ao território sagrado das obras de arte. Uma Cultura com obras que configurem toda a importância para a harmonia dos brasileiros com a sua terra e sua natureza, elevando a nação acima de interesses particulares”.

Lamentável ter que dizer aos meus leitores que os eleitores de Bolsonaro foram ludibriados e eu diria até que prostituídos ao se deixar enganar.

Tenho dito!

Share Button

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com