Artigo

O dia em que Bolsonaro usou a Globo para manter seu eleitorado

Está no Blog Viomundo, de Luiz Carlos Azenha

Toda seita precisa de inimigos externos para sobreviver.

Os inimigos externos justificam a inexistência do debate interno.

O mito, assim, é preservado, acima de qualquer discordância ou eventual erro.

Na esquerda, as críticas são severas, não apenas entre os candidatos.

Mesmo dentro da coalizão petista, por exemplo, há quem critique a substituição de Lula por Haddad (Lula ou nada) ou a demora do PT para oficializar Haddad e trabalhar a transferência de votos.

Na extrema direita, há uníssono em torno do mito.

Desde que ele se disponha a combater o inimigo externo no altar do sacrifício.

Ao chegar à bancada do Jornal Nacional, Bolsonaro provocou: isso aqui [o estúdio] parece um estande de artilharia.

Logo de cara deixou claro a seus eleitores que estava em território alheio.

E, para este eleitor, Bolsonaro foi corajoso ao confrontar a Globo no intestino do leão.

O candidato fez referência ao fato de que os apresentadores do Jornal Nacional recebem como pessoa jurídica — um esquema que permite à emissora e ao funcionário pagar menos impostos, embora estes sejam forçados a abrir mão da Consolidação das Leis do Trabalho.

Bolsonaro cutucou Bonner e Renata Vasconcellos ao lembrar que existe — e é fato — uma grande diferença salarial entre os dois, que aparentemente desempenham a mesma função no JN — o que não é fato.

Bolsonaro disse que a Globo recebe bilhões de reais da União, dinheiro público que é gasto em propaganda oficial — o que também é fato.

Finalmente, o candidato lembrou que Roberto Marinho, o dono da Globo, apoiou o golpe de 1964, que resultou numa ditadura que torturou, matou, desapareceu, censurou, mentiu e roubou — em dinheiro ou em direitos.

A Globo respondeu de forma padrão a este último ponto e a incapacidade intelectual do candidato o impediu de se antecipar como alguém razoavelmente informado: a Globo só repudiou o golpe de 64 depois de ter se beneficiado de favores e muito dinheiro oferecidos pela ditadura que ajudou a implantar.

Ou seja, a Globo só deu o cavalo de pau em relação ao golpe de 64 depois de se locupletar.

De qualquer forma, Bolsonaro tirou proveito da oportunidade.

Expôs uma coragem que não tem diante de um “inimigo externo” com telhados de vidro.

E conseguiu fazer a lição de casa: neste exato momento, tudo de que ele precisa é manter os 20% nas pesquisas, que seriam suficientes para levá-lo ao segundo turno.

Foto reproduzida da Internet

Share Button

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com