Editorial

O MP vai deixar mesmo acontecer os Réveillons da insensatez na Pipa e em Gostoso, no RN?

A pergunta que não quer calar! Escrevo este editorial após saber que o Ministério Público do Rio Grande do Norte estuda recorrer da decisão de dois magistrados que permitiram os réveillons da insensatez da Pipa e de Gostoso, litoral sul e norte, respectivamente, do estado num momento em que a pandemia do coronavírus recrudesce em todo o mundo.

Bom que se diga que estes badalados réveillons costumam ser realizados, também em Trancoso, na Bahia, Carneiros, em Pernambuco, São Miguel dos Milagres, em Alagoas, e Jericoacoara, no Ceará. No entanto, neste ano de pandemia, alguns organizadores dessas festas sequer começaram a vender pacotes. Outros lançaram programação e iniciaram a venda de ingressos – mas nos últimos dias foram obrigadas a cancelar devido à escalada dos casos de contaminação. Mas duas dessas grandes festas de réveillon ainda resistem às evidências epidemiológicas.

O Let`s Pipa e o Réveillon do Gostoso, de maneira negacionista seus produtores com a anuência das prefeituras de Tibau do Sul e de São Miguel do Gostoso, recorreram da decisão do Ministério Público e ganharam o direito de realizar os eventos. As principais promessas sanitárias são: tentar garantir uma área de 3 m² por convidado, comemorações serem feitas ao ar livre e todos os participantes terem se submetido a exames de Covid (PCR feito até 72 horas antes do dia 27 de dezembro ou apresentação do IgG positivo, quando estaria imunizado, com data de até noventa dias anterior às festas).

Os magistrados que concederam as liminares para a realização dos badalados réveillons, certamente acreditam que o protocolo sanitário a ser “cumprido” pelos organizadores será suficiente para garantir a saúde dos participantes e de quem vai trabalhar.

Repito o que já dissera em artigo anterior, alegar que todos os cuidados serão tomados para evitar a contaminação das pessoas é pura utopia. Onde já se viu após umas doses de bebida alcoólica, as pessoas terem o comportamento recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), ou seja, de distanciamento social. Já não digo nem ao uso de máscara, que seria mais utópico ainda, já que se você tá numa festa e vai beber e comer, como usar máscara? E os beijos e abraços dos casais como serão evitados? E os cumprimentos dos amigos que certamente estarão em grupos? Oa, ora, ora. Isso é pura insensatez!

Curioso é que certas pessoas, e até parte da imprensa do Rio Grande do Norte que saiu em defesa dos réveillons, considerou o depoimento do empresário Silvio Bezerra sobre o fato de ter pego Covid e ter ido parar na UTI, estarrecedor diante do relato que fez. Bezerra postou o texto nas redes sociais no último final de semana e foi publicizado na imprensa.

Em determinado trecho do relato de Silvio Bezerra ele diz: “a segunda onda da pandemia explodiu e assim como a maioria das pessoas sensatas, estávamos – ele e sua esposa – tendo todo o cuidado possível para não adoecer da Covid, recusando sair de casa para lugares de risco e tomando todas as precauções recomendadas. No último dia18 de novembro fomos convidados para a festa de aniversário de um grande amigo. Não resistimos e fomos. No dia seguinte Melissa – sua mulher – já amanheceu bastante baqueada e três dias depois eu comecei com os sintomas da Covid” .

Bem, o resto do texto todos já têm conhecimento.

Fato é que a Covid-19 não é brincadeira e tão pouco se pode misturar espumante com Covid, não combina e faz mal à saúde. É uma temeridade se promover réveillons numa hora em que a pandemia dá sinais de uma segunda onda com carga total.

Portanto, há de se esperar que o Ministério Público do Rio Grande do Norte faça prevalecer o bom senso cancelando os dois réveillons assim como recomendou a suspensão de outros 39 no interior do estado.

A conferir!

Imagem reproduzida da Revista Piauí

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