Editorial

O panelaço da classe média não foi pela devastação da Amazônia. O egoísmo falou mais alto, certamente!

Enganam-se os que pensam que o panelaço ocorrido na última sexta-feira (23), em algumas cidades brasileiras, na hora em que o presidente Jair Bolsonaro estava fazendo um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão sobre as medidas que o governo adotaria para combater os incêndios na região Amazônica devido, sobretudo, a devastação, foi pensando na floresta que está sendo dizimada, nos animais que estão morrendo queimados e até mesmo nos índios que estão perdendo suas terras. Ledo engano se pensar isso, quando esse tipo de manifestação partiu dos terraços gourmests da classe média.

Esse panelaço tinha um único objetivo: a preocupação da classe média e da elite principalmente paulistana, com as sequelas que as queimadas na Amazônia podem trazer à saúde, como, por exemplo, problemas respiratórios. O sinal vermelho foi aceso na chuva que caiu sobre São Paulo na quarta-feira (21), quando o céu escureceu por volta de 15h, e a água escura da chuva caiu sobre as cabeças dos paulistanos. Ninguém da classe média foi para a sua varanda gourmet bater panela, quando a Alemanha e a Noruega anunciaram o fim do Fundo Amazônico, criado em 2008 e administrado atualmente pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), devido a falta de uma política de sustentação do meio ambiente do governo Bolsonaro.

Mas, bastou pesquisadores afirmarem que análises confirmaram presença de partículas de queimadas maior do que o normal em água de chuva preta em São Paulo, que a burguesia tirou as penelas dos armários. Menos mal, só assim tomam conhecimento do desastre ambiental que o governo Bolsonaro está provocando no Brasil. E, não pra menos, Bolsonaro tremeu nas bases com as manifestações de rua também, a ponto de convocar duas reuniões ministeriais urgentes, urgentíssimas, uma na sexta à noite e outra no sábado pela manhã, para discutir e “tomar” providências para combater o desastre ecológico que o seu governo vem promovendo.

Aliás, desastre ecológico com manifestações em todo o mundo, que vai de líderes políticos, passando por artistas famosos e a sociedade de um modo geral, merecendo editoriais na imprensa internacional.

Fato é que a toxicidade do governo se confirma — não só porque em cem dias autorizou o uso do número recorde de 152 novos agrotóxicos no Brasil. Mesmo antes de assumir o posto de presidente, Jair Bolsonaro já ameaçava acabar com o Ministério do Meio Ambiente e submetê-lo ao Ministério da Agricultura. Por pressão, acabou voltando atrás, mas nomeou para a pasta o advogado Ricardo Salles, condenado por fraude na elaboração de plano de manejo em uma Área de Proteção Ambiental em favor de empresas mineradoras

Mas, como eu disse, embora os panelaços, sobretudo, os de São Paulo tenham caráter egoísta, ou seja, a burguesia só está pensando na saúde dela, e não no Planeta, pode-se tirar um proveito disso. Dizia o ex-deputado Ulysses Guimarães – já falecido -, “político só tem medo do povo na rua”. E isso já começa a ocorrer de uma maneira mais homogênea. Bolsonaro sabe disso!

A conferir!

Imagem reproduzida da Internet

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