Editorial

Todo país tem o Governo e o Parlamento que merece

Lastimável o que vem ocorrendo neste país varonil. Primeiro um presidente eleito por Fake News, sem sequer precisar fazer campanha, nem participar de debates, até porque não estava preparado pra isso. Agora a eleição do presidente do Congresso Nacional, que mais pareceu uma comédia pastelão ou uma eleição para o sindicato do crime. Senão vejamos:

Condenado a quatro anos e seis meses de prisão por crimes contra o sistema financeiro, e atualmente cumprindo pena no regime semiaberto, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) participou da votação para a Presidência no Senado neste sábado, no qual foi eleito Davi Alcolumbre com forte ligação com Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro.

Gurgacz foi indicado pelo seu partido para monitorar a apuração ao lado da Mesa Diretora da casa. Ele cumpre pena no Centro de Detenção Provisória do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Não só isso. O presidente eleito do Congresso Nacional, um senador obscuro até apresentar sua candidatura, representante do Amapá, responde a um inquérito por crime eleitoral — em sua campanha, em 2014, foram apresentadas notas falsas na prestação de contas à justiça eleitoral. Antes disso, em 2004, ele foi indiciado num inquérito da Polícia Federal que apurou desvios na Saúde.

Mas a comédia pastelão em que se transformou a sessão, ou sessões, para eleger o novo presidente do Congresso Nacional, foi marcada por confusão, uma votação anulada e pela desistência da candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), outro não menos suspeito por desvio de condutas.

Ah, teve também o filho do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro revelando o seu voto em claro e bom som, óbviamente, em Davi Alcolumbre, embora a votação fosse secreta conforme o Regimento Interno da casa. Aliás, para dar maior visibilidade ao seu voto, Flávio Bolsonaro se postou na frente da mesa diretora da sessão sob a luz dos holofotes para mostrar a cédula de votação.

Bom que se diga, que assim como os senadores Acir Gurgacz e Davi Alcolumbre, Flávio Bolsonaro tem uma ficha pouco condizente com o cargo que passará a ocupar, ou seja, de senador da República. Não custa lembrar que ele está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro a partir de movimentações financeiras consideradas “atípicas” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), desde quando era ainda deputado estadual.

Flávio Bolsonaro e seu ex-motorista Fabrício Queiroz são alvos de procedimento investigatório do Ministério Público do Rio de Janeiro iniciado a partir de relatórios do Coaf. O conselho identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz e também na conta de Flávio Bolsonaro – em um mês, foram 48 depósitos em dinheiro, no total de R$ 96 mil, de acordo com o Coaf.

Como se observa, cada país tem o Governo e o Parlamento que merece. E neste contexto não me sinto representado!

Foto: O Globo

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