Editorial

`Trabalhar é preciso, viver não é preciso´

Pelo o que diz, pensa e age o presidente Jair Bolsonaro, “trabalhar é preciso, viver não é preciso”. Prova maior disso é que dois dias após o Brasil ultrapassar a casa das 10 mil mortes por coronavírus, já atingindo o patamar de mais de 11 mil óbitos, Jair Messias Bolsonaro, sem consultar, sequer, o ministro da Saúde, Nelson Teich, baixou decreto incluindo academias, salões e barbearias nos serviços essenciais, ou seja, que podem abrir.

Governadores reagem e afirmam que nada muda nas políticas de restrições em seus estados, respaldados por decisão anterior do STF (Supremo Tribunal Federal), que delegou aos estados decidir sobre o fim do isolamento social. Ainda bem que existem governantes coerentes e que pensam na vida das pessoas como prioridade número um, mesmo deixando de arrecadar impostos.

Exemplo disso é a governadora Fátima Bezerra (PT) que tem responsabilidade e quer preservar a vida do povo do Rio Grande do Norte com os decretos que determinam o isolamento social.  Aliás, o Rio Grande do Norte já ultrapassou os 90 óbitos por Covid-19, isso em apenas dois meses e se não fosse o isolamento social certamente a situação seria igual ou pior do que estados como Amazonas, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ninguém se iluda porque não existe vacina contra a Covid-19, a melhor e mais eficaz imunização neste momento é o distanciamento das pessoas, até porque a criação de uma vacina específica para imunizar a população mundial ainda está em estudos e demanda um certo tempo. Até lá o isolamento social é a melhor maneira para se evitar o contágio segundo médicos e especialistas. Ignorância se pensar o contrário.

Não nos deixemos tomar conta pelo transtorno psicótico, este sim, talvez uma doença pior do que a Covid-19. O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia alertado que a pandemia do novo coronavírus está desencadeando “um tsunami de ódio e xenofobia”. Ele fez um apelo para que as pessoas iniciem um “esforço total para acabar com o discurso de ódio globalmente”.

Infelizmente o “Capitão Covid” defende “o trabalho a vida” e acha que ir para a academia neste momento é “saudável”. Esquece que uma academia é fechada com ar-condicionado e onde há aglomeração de pessoas.

Como diz a letra de Blowin’ In The Wind, de Bob Dylan:

“Quantas vezes um homem precisará olhar para cima
Até que ele possa ver o céu?
Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter
Até que ele possa ouvir as pessoas chorar?
Sim, e quantas mortes ele causará até saber
Que pessoas demais morreram?

A resposta, meu amigo, está soprando ao vento
A resposta está soprando ao vento

Foto reproduzida da Internet

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