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Um hipotético fechamento de um hospital desperta mais interesse do que a falta de soro antiofídico no Estado

por Carlos Alberto Barbosa

Não falo de hipóteses. Estou falando de um fato concreto. O secretário estadual de Saúde, Cipriano Maia, concedeu entrevista coletiva com o objetivo de alertar à população e aos profissionais de saúde sobre atitudes de proteção e de prevenção diante da crise de desabastecimento de soros antiveneno e antirrábico que afeta todos os estados, bem como a falta do inseticida malation utilizado pelos carros fumacê no combate ao mosquito aedes aegypti. 

Os soros antivenenos ou antiofídicos, utilizados para tratar mordidas de cobras e animais peçonhentos, são fornecidos pelo Ministério da Saúde que tem feito adequações devido à redução considerável na produção do soro, e diga-se de passagem, o estoque só dá para seis meses em todo o país.

Pois muito bem. O hipotético fechamento do Hospital Ruy Pereira, em Natal, especializado em cirurgias vasculares chamou mais a atenção da imprensa do que o grave problema que se estende não só no Rio Grande do Norte, mas como também em todo o país, que é a falta do soro antiofídico, que pode levar pessoas a morte. Eu disse, morte!

Sobre o hospital o próprio secretário fez questão de esclarecer: “a pasta ainda não tomou nenhuma decisão com relação a um possível fechamento do Hospital Ruy Pereira e remanejamento dos serviços para outras unidades hospitalares da rede estadual”.

De acordo com Cipriano Maia, apesar da Sesap contar com um laudo de engenharia apontando que o Hospital Ruy Pereira possui sérios problemas estruturais, a gestão ainda não tomou nenhuma decisão. A secretaria está realizando estudos para reordenamento do fluxo de pacientes de forma regionalizada e qualificada, mantendo a quantidade de procedimentos realizados e garantindo os leitos de retaguarda clínica.

O que impressiona mais é o oportunismo que o assunto proporcionou. Entidades médicas se manifestaram, sindicatos idem e, claro, os vermes de plantão. E quando cooperativas médicas resolvem paralisar os serviços e servidores da Saúde entram em greve e os hospitais da rede pública têem os serviços prejudicados? O que dizer? Nesta hora ninguém pensa nos pacientes usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), não é ? Fato! Mas basta o hipotético fechamento de um hospital, que pelo laudo de engenharia tem sérios problemas estruturais, pronto, o mundo vem abaixo. Há de salientar que em momento algum a Sesap falou em descontinuidade dos serviços prestados.

O que se observa é que por trás disso tudo há interesses contrariados. Na verdade não estão preocupados com os pacientes que lá estão, até porque, a própria Sesap já disse que os serviços terão continuidade de uma forma ou de outra. Não interessa se os recursos para locação do prédio, no valor de R$ 200 mil/mês, são provenientes do SUS ou dos cofres do estado. Isso não vale a vida de ninguém. O que vale a vida são os cuidados que se deve ter no tratamento do paciente, e é pensando nisso que a Sesap está fazendo um estudo para o reordenamento de pacientes e lançando alerta sobre a falta do soro antiofídico, esse um problema grave porque nem ao governo federal se pode recorrer. E vidas podem ser ceifadas!

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