Editorial

Um presidente tosco

Jair Bolsonaro que um dia declarou que não nasceu pra ser presidente, e sim militar – aliás uma das poucas declarações sensata sua, talvez a única nesse seu primeiro ano de governo -, chega a ser tosco, e aí não desmerecendo os militares, óbviamente.

Bolsonaro, dia sim outro sim, usa a imprensa para fazer afirmações estapafúrdias. Digo que usa a imprensa porque sempre à saída do Palácio do Alvorada, nas primeiras horas da manhã, ele, Bolsonaro, faz o motorista parar o carro para receber aplausos de seus admiradores e conceder entrevistas relâmpagos aos repórteres alí postados. Parece uma coisa pré-estabelecida suas declarações rudes e muitas vezes com palavriado chulo, certamente orientado pelo seu marketing para desviar dos assuntos que preocupam mais à Nação.

O preço da carne em alta, a gasolina na estratosfera, a inflação dando sinais de que não será controlada, ao menos neste primeiro ano de governo, os arroubos contra a classe artística e contra a cultura, chegando a chamar Paulo Freire, referência nacional e internacional da Educação de “energúmeno” – talvez nem saiba o significado da palavra -, sem falar no escândalo envolvendo o filho Flávio Bolsonaro, “ainda mais que o destempero do “papai”, é recibo de que alguma coisa muito grave o preocupa, e não é só o aumento repentino de vendas de bombons na loja do Flávio, e que, em vez de passar o pano, que tal aprofundar as investigações,” como bem colocou em artigo publicado no site Jornalistas pela Democracia, a jornalista Denise Assis.

Táoquei não convence, só mesmo aos seus asseclas e a clack que costumeiramente fica à espera do chefe da Nação à porta do Alvorada para fazer chacrinha. Francamente, custo a acreditar que alguém sano ainda defenda Jair Bolsonaro. Um presidente que depois de cometer crime de homofobia explícita, quebrar o decoro, agredir à Nação com suas palavras baixas, ainda é desmerecedor de credibilidade mundo a fora em função de suas posições com relação a política ambiental.

Em artigo publicado na Folha, a professora de sociologia da USP e pesquisadora sênior do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, Angela Alonso lembrou que 2019 foi o ano do porco no horóscopo chinês, símbolo da paciência e bondade. “Já no Brasil, sem dúvida, este foi o ano do cavalo. Houve coices para todos os lados e declarações equinas para todos os gostos – ou para todas as faltas dele”, ironizou.

Chega!

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