Artigo

Vale a pena ter esperanças

por Ricardo Lagreca 

Parece que a expressão de alguns pensamentos é mais bem realizada em outras línguas, do que na nossa própria. O “the day after” é uma delas.

Mas, assim pensava eu, até quando um amigo discordou e disse que seria melhor falar. “E agora, José”? De imediato concordamos e passamos a empregá-la.

Com isso quero chegar ao ponto, que depois de tanto sofrimento, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou nula a sentença oriunda de um “fórum” que nada tinha a ver com a denúncia. Em outras palavras, se fez justiça por um outro caminho com a libertação do ex-presidente Lula.

Pois muito bem, pergunto: não é a hora de utilizarmos a expressão acima descrita como, “e agora, José”? Pois não podem mais dizer; é, Bolsonaro é muito ruim, mas Lula é um presidiário. Até acho que vão continuar. A questão é outra. Não é Lula. É o que ele representa e que jamais será aceito. São outros os estereótipos. 

Não importa o que vão continuar falando. Importa que nesse período foram demonstradas inúmeras coisas muito significativas, para o nosso Brasil. 

O valor das várias instâncias da justiça, até poder se condenar de fato uma pessoa, foi muito exercitado.

Que apesar de existir um juiz que julga com violência e parcialidade, utilizando-se do conluio com outros, existe um homem, o juiz Ricardo Lewandowski, que consegue tornar-se um gigante e mover uma montanha para provar a inocência de um ser. Existe a emoção, que o fez chorar por várias vezes, de um Gilmar Mendes, quando aprofundou a tese de perseguição do juiz que promulgou a injusta sentença.

Outros fatos também ficaram mais claros nesse período.

Um homem que torna herói um torturador, é capaz de fazer qualquer coisa.

Depois vimos que mesmo no desespero, o princípio de que pode valer tudo, não deve ser utilizado. É necessário seguir as regras científicas. Inclusive na economia, como salienta o ex-ministro Sergio Rezende, quem faz o PIB de um país crescer é a ciência e a tecnologia. Acrescentaria a isto, o humanismo. Assim aconteceu nas nações de maiores PIB do mundo, puxado pelos Estados Unidos e pela China.

Ainda salientaria que o homem não pode se misturar com os micróbios e tornarem-se iguais ou piores do que eles, causando um flagelo humanitário com quase 400 mil mortes.

Por fim, dizer que também ficou claro que vale a pena ter esperanças. Como declamada no belo poema de Mario Quintana. “Ela será encontrada miraculosamente incólume, outra vez criança, sempre pronta a nos ajudar a viver”.

*Ricardo Lagreca é cardiologista, professor da Faculdade de Medicina da UFRN, ex-diretor do HUOL e ex-secretário estadual de Saúde do RN

Foto reproduzida da Internet

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