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Causos que marcaram os 13 anos do Blog: O dia em que recusei uma proposta para ser editor de Política da Tribuna do Norte

Está no Baú de um Repórter

Nesses anos todos de jornalismo passei por várias experiências principalmente em jornais impressos. Atuei muito tempo na redação do Diário de Natal como repórter, sub-editor de Brasil, e editor de Política e Economia. No tempo em que estava no DN recebi um convite para ir trabalhar na Tribuna do Norte, mas acabei recusando. Vamos ao fato:

Corria o ano de 1990, salvo engano. Era um ano de eleições para governador. Os Alves – família Alves – apoiavam a candidatura de Lavoisier Maia que havia rompido com o primo José Agripino Maia ao governo do Rio Grande do Norte. Nessa mesma eleição existiam outros dois candidatos:  Salomão Gurgel, do PT, e outro que não me vem a lembrança.

A campanha estava acirrada. Agripino que já havia sido eleito governador em 1982 contra exatamente o ex-ministro Aluizio Alves não aceitava o rompimento e a candidatura do primo e ainda por cima saindo ele [Lavô] com o apoio de seus maiores adversários na época – Aluizio, Garibaldi e Henrique Eduardo Alves.

Era repórter de Política do Diário. Um dia me encontrei com o colega e amigo Edilson Braga que era editor-geral da Tribuna do Norte. Começamos a conversar e Braga me fez um convite para ser editor de Política do jornal. Disse a ele que aceitava mas primeiro precisava discutir as bases do contrato com a direção da TN. Edilson Braga combinou comigo de agendar uma reunião.

No dia seguinte à conversa, Braga me ligou e disse que José Gobat – já falecido – queria conversar comigo. Marcamos a conversa para uma sexta-feira à tarde. Cheguei na Tribuna e fui direto para a redação me encontrar com Braga que solicitou à telefonista para informar a José Gobat que eu já havia chegado. Enquanto esperávamos ser chamado batemos um papo e tomamos um cafezinho.

José Gobat chamou a gente à sala dele. Quando chegamos lá estavam além de Gobat, Ricardo Alves e José Roberto. Os três faziam parte da direção do jornal. Começamos a conversar e Braga explicou que eu era repórter do DN, elogiou o meu trabalho e deixou os três à vontade para fazer a proposta de trabalho. José Gobat disse logo o valor do salário. Um pouco mais do que eu recebia como repórter do Diário de Natal. Como se tratava de um ano de eleição e percebia que a Tribuna só falava praticamente de dois candidatos – Lavosier, que eles apoiavam, e José Agripino para bater nele – indaguei se era possível também a gente levar ao conhecimento do leitor-eleitor que existiam naquela campanha outros dois candidatos e que era necessário também se falar neles.

José Gobat com a sua sinceridade disse logo: Mas o jornal já dá a agenda desses outros candidatos. No entendimento dele e da direção do jornal os outros candidatos não tinham importância. Eram meros figurantes na campanha eleitoral. Do que eu discordava. Acabou a conversa e fiquei de dar uma resposta na segunda-feira.

No final de semana aproveitei para analisar se valeria a pena ser editor de Política da Tribuna. Pensei direito e cheguei a conclusão que naquele momento não valia. Iria ser editor de Política sob censura. O que iria ganhar era um pouco mais do que ganhava como repórter do Diário. Com um detalhe: Sem a responsabilidade de ser editor de Política de um jornal comprometido com uma candidatura.

Na segunda-feira liguei para Edilson Braga, expliquei a ele a minha situação e agredeci o convite. Braga entendeu a minha posição. Anos depois trabalhamos juntos na primeira fase do JH Primeira Edição. Uma experiência válida não só pra mim como para o próprio Braga, que costumava dizer que o JH tinha iniciado uma nova fase no jornalismo potiguar. Infelizmente o nosso trabalho não teve continuidade.

Um detalhe que não posso deixar de falar. Embora José Gobat não levasse em consideração as outras candidaturas, Salomão Gurgel foi quem acabou provocando o sengudo turno da eleição. Me lembro muito bem que a manchete do Diário de Natal após a realização do pleito e a contagem dos votos no primeiro turno no dia seguinte foi: “PT leva lavô ao segundo turno“. O que de certa forma retratou a importãncia da candidatura petista naquela eleição, quando Salomão Gurgel obteve 107 mil votos.

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