Editorial

Estamos diante da maior campanha abjeta que já se viu no Brasil pós processo de redemocratização do país

O Brasil vivencia a campanha mais sórdida que já se viu após o processo de redemocratização do país por parte de bolsonaristas e seguidores do presidente Jair Bolsonaro, candidato a reeleição pelo PL. Uma campanha abjeta onde se planta mentiras as mais absurdas em redes sociais, onde reuniões para tramar compra de votos ou coação de eleitores, inclusive, com a participação de prefeitos que se utilizam da máquina com a presença de secretários em horário de expediente e empresários inescrupulosos objetivando pressionar seus funcionários a votar no “Capitão”, sem o menor constrangimento, são feitas, além do uso da máquina governamental.

Bolsonaro tem anunciado medidas em série para turbinar benefícios à população na reta final da eleição, mas, enquanto o pacote completo em ano eleitoral já custa R$ 273 bilhões e um estudo aponta que o mandatário colhe frutos nas urnas, não há punição à vista para algumas das ações, nas quais especialistas e adversários veem aberto uso da máquina em busca da reeleição.

Uma campanha onde o governo escancara a compra de votos com aumento no valor de programas sociais, empréstimos consignados para pessoas humildes inscritas no Auxílio Brasil com juros mais altos que a média de outras modalidades de empréstimo pessoal, auxílios para caminhoneiros e motoristas de aplicativos, e que, no final das contas vai levar um rombo sem tamanho às contas públicas.

O ministro da Economia Paulo Guedes já tem em mãos uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) a ser levada ao Congresso para aprovação que
prevê a indexação do salário mínimo e aposentadorias à expectativa de inflação futura – e não à inflação do ano anterior, como ocorre atualmente, levando a desvalorização do poder de compra de aposentados e assalariados, e tudo isso numa tentativa de cobrir o rombo a ser deixado pelas medidas tomadas para turbinar a reeleição de Jair Bolsonaro.

O próprio Paulo Guedes confirmou, à sua maneira, o que tentava negar. Defendeu um velho sonho. Está contido no documento do ministério. Batizado de “regra dos 3D”, visa desindexar, desvincular e desobrigar o Orçamento Federal, que está 96% acorrentado a gastos obrigatórios. A pretensão vem de 2019, mas que agora diante do rombo dos cofres públicos deverá ser encaminhado ao Congresso para aprovação, e como Bolsonaro diz, ele conta com maioria no Parlamento para aprovar qualquer tipo de medida que deseje.

O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, criticou o novo plano fiscal de Guedes e Bolsonaro: “a população mais pobre receberá menos para pagar pelas medidas eleitoreiras”.

Há de se dizer que o que se ver nesta campanha eleitoral chega a ser grotesco. O Brasil tem 3% da população do mundo e 11% das vítimas de covid. De cada cinco brasileiros (as) que morreram quatro mortes poderiam ter sido evitadas não fosse a negligência do governo Bolsonaro na demora para comprar as vacinas. Temos cerca de 700 mil pessoas que morreram por covid com um presidente da República, candidato a reeleição, que participou de motociatas, mas não foi visitar um hospital, sequer, no auge da pandemia.

Um candidato que fala em família, mas é casado pela terceira vez após duas separações, um candidato que fala em Deus, mas prega o armamento da população, um candidato que coloca em dúvida a lisura das urnas eletrônicas, mas usa de artifícios pouco republicano para conquistar votos, um candidato que tem como seu correligionário Fernando Collor de Mello, que confiscou a poupança dos brasileiros levando alguns ao suicídio, um candidato que tem como correligionário o ex-deputado Roberto Jefferson,
condenado em 28 de novembro de 2012 a 7 anos e 14 dias de prisão julgado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e que está em prisão domiciliar pelo inquérito das milícias digitais e que acaba de chamar desrespeitosamente a ministra Cármem Lúcia de “bruxa” e “prostituta”, não merece o voto dos brasileiros (as).

Um candidato que ao ver meninas entre 14 e 15 anos diz que “pintou um clima”, e que mesmo suspeitando de prostituição infantil não levou adiante o caso, no mínimo prevaricou.

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou em entrevista a um PodCasts na sexta-feira (14). 

Portanto, estamos falando de modelo de sociedade e estamos falando de valores. Antes de digitar o seu voto na urna eletrônica no dia 30 de outubro, pense e reflita no que disse acima, para depois não se arrepender.

Foto reproduzida da Internet

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