Editorial

O Brasil precisa voltar a ser um país civilizado

A palavra civilidade que significa um conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração com boas maneiras, cortesia, polidez, precisa voltar a constar no dicionário de alguns brasileiros que insistem na cultura do ódio.

Num país civilizado a democracia é a palavra chave quando se pressupõe que a convivência dos contrários é salutar, o que não está ocorrendo no Brasil, pós-governo Bolsonaro. O Estado de Direito toda hora está sendo desrespeitado onde a soberania popular, provada agora nas eleições presidenciais quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito pela terceira vez presidente da República, com uma maioria de 51% dos votos válidos, está sendo questionada e até desrespeitada por uma minoria que cultua o ódio no coração e não enxerga a obviedade.

Como bem disse o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, o resultado das eleições deve ser respeitado e defendeu a “volta da civilidade nas relações entre as pessoas”.

O que estamos presenciando neste país varonil são verdadeiros atos contra a democracia. Um desrespeito à Constituição e ao cidadão de bem que paga seus impostos e está sendo impedido do ato de ir e vir por bloqueios de rodovias e manifestações públicas na frente de quartéis militares, muitas vezes com práticas de agressões verbais e violência física. Todos manietados por um governante inconformado pela derrota nas urnas.

Aliás, o influente jornal americano The Washington Post publicou na semana passada uma reportagem dizendo que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump teria aconselhado a família Bolsonaro a questionar o resultado da eleição à Presidência no Brasil. Clique aqui para conferir.

A violência e o ódio que ora se mostra no Brasil por parte de admiradores de Bolsonaro é um reflexo dessa manobra.

O cientista político Marcos Nobre, professor da Unicamp e presidente do Cebrap, afirmou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, que é necessário manter a vigilância em relação a Jair Bolsonaro. “Bolsonaro está sempre preparando um golpe e não podemos baixar a guarda, embora no momento não haja condições para um golpe”.

Ainda em agosto, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um editorial em que chamava a atenção para se respeitar o resultado das urnas. Dizia o texto:

“É desalentador que as circunstâncias políticas atuais exijam dizer um aspecto óbvio do regime democrático – quem vencer nas urnas tomará posse –, mas o fato é que, perante a insistência do presidente da República em desacreditar o sistema eleitoral, é necessário que o País tenha a tranquilidade de saber que o resultado das eleições será respeitado”.

E complementava:

Eis o panorama atual. Não há como reduzir a gravidade de tudo o que Jair Bolsonaro vem fazendo contra as eleições, assim como não há como ele ficar impune depois de tudo o que já fez. Ao mesmo tempo, sem nenhuma transigência e sem deixar de estar alerta, é preciso reafirmar que as eleições ocorrerão pacificamente e que o eleito tomará posse. O clima de tensão só interessa aos bolsonaristas”, finalizava.

Pois muito bem: o clima de tensão a que se referia O Estadão em seu editorial ainda perdura em nosso país, apesar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter confirmado que Lula é o novo presidente do Brasil. No entanto, os inconformados e, mais ainda, os radicais de ultradireita não aceitam o sufrágio das urnas eletrônicas e continuam nas rodovias e vias públicas em protestos descabiveis, muitas vezes até bizarros como orar na frente dos quartéis e pedir aos extraterrestres que intervenham no resultado das eleições brasileiras.

Mas o que preocupa mais são as agressões contra quem pensa diferente deles. O que vem ocorrendo no Brasil já está se tornando atos terroristas, quando pessoas são agredidas fisicamente e até assassinadas. Essa cultura do ódio precisa ter um fim.

O cartunista Carlos Latuff, do portal Brasil 247, afirmou que “o governo Lula vai ter que enfrentar com pulso forte essas manifestações de terroristas. E as pessoas terão que ser punidas por isso”.

O que devo concordar!

Foto reproduzida da Internet


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